sábado, dezembro 29, 2007

Confraria Brasileira de Enoblogs

Está difícil de participar da Confraria Brasileira de Enoblogs. Bebi com atraso o vinho e só estou postando um mês depois. A data é o primeiro dia de cada mês e a proposta é fantástica: enófilos virtuais do Brasil todo darem sua opinião sobre um vinho.
Antes tarde do que nunca, coloco abaixo minhas anotãções sobre o vinho de 1º de Dezembro:

Trivento Shiraz/Malbec 2005
Argentina. Cor ruby opaco. Aromas de castanha e ameixa fresca. Frutado com especiarias. Paladar condimentado como o aroma, algum calor alcoólico, corpo médio. Tanino doce - groselha - e final tranquilo. A boca corresponde ao olfato. Incomodou certo ataque alcoólico. Bem honesto. Harmônico, ganhou um ponto extra. 12,5% de álcool. Nota 83.

Tokay Aszú

Como parte do encerramento das atividades de 2007, a Confraria BaccoUbriaco promoveu as degustações 111 e 112 juntas. A última foi durante a sobremesa do evento, quando avaliamos 3 Tokays.
Entre as muitas cepas que entram em sua elaboração, os maiores percentuais ficam para Furmint e Hárslevelü (pronuncie como quiser, risos). O termo aszú diz respeito aos bagos atacados pelo fungo Botrytis cinerea, que são colhidos um a um em várias passagens pelas vinhas.
De acordo com a quantidade de bagos atacados pelo fungo que são adicionados ao mosto é que se medem os puttonyos. Quanto mais puttonyos (ou cestas de uvas botrytizadas), mais doce é o vinho e de maior qualidade.
Experiência sui generis, exigiu muita disciplina não tomar o sorvete da sobremesa durante a prova para não contaminar demasiadamente o paladar, afinal toda garrafa de Tokay exibe a frase de Luís XIV: “VINUM REGUM – REX VINORUM”.

St. Stephan´s Crown Tokay Aszú 3 Puttonyos 2000

Cor dourada e brilhante. Certa untuosidade. Aromas de doce de damasco, mel e laranja doce. Boca agradável e algum incomodo no retrogosto. R$100,00. Importado pela Hungaria Merc Ltda

Chateau Megyer Tokay Aszú 4 Puttonyos 1999

Belíssimo aspecto âmbar escurecido. Nariz bem mais complexo. Boca acertadíssima, sem nenhum defeito. Excelente! R$200,00. O TOKAY DA NOITE!

St. Stephan´s Crown Tokay Aszú 5 Puttonyos 2000

Também dourado e, sendo do mesmo produtor do primeiro Tokay, com certa semelhança. Final bem mais adequado. Muito melhor que o inferior da St Stephan´s. R$200,00. Importado pela Hungaria Merc Ltda

quinta-feira, dezembro 13, 2007

IV Degustação Viva o Vinho! – CARMENÉRE

Depois de tanto tempo sem degustação do blog finalmente fizemos mais uma. O objetivo desta vez foi reunir amigos que curtem a brincadeira, mas que não são tão acostumados a sentar em frente a uma taça e examinar atentamente o vinho.
Escolhi a Carmenére por ser a uva que se tornou símbolo do Chile. Não é necessariamente a melhor uva chilena. Eu, particularmente, adoro os Sauvignon Blanc. Excelentes Cabernet Sauvignon, Merlot e até mesmo Malbec são alcançados por lá.

CARMENÉRE
A Carmenére ganhou notoriedade exatamente por existir comercialmente apenas no Chile... e por obra do acaso. Até 15 anos atrás acreditava-se que eram parreiras de Merlot de um clone diferente. Estudos mais aprofundados mostraram que se tratava de outra variedade.
Ela deixou de ser plantada na França após a praga da filoxera que devastou vinhedos do mundo inteiro no fim do século XIX e início do XX. Ao refazer os vinhedos, os agricultores tornaram-se mais criteriosos afim de evitar perdas futuras e passaram a escolher cepas mais resistentes. A Carmenére por ser especialmente sensível a algumas doenças acabou descartada.
Devido a seu isolamento geográfico, o Chile foi a única região do mundo poupada da filoxera e acabou conservando a Carmenére, que lá permaneceu disfarçadada como uma Merlot estranha até os anos 1990. Após ser redescoberta, foi corretamente identificada e isolada da Merlot para produzir os varietais. É possível que haja ainda algum tipo de mistura na elaboração de Merlot e de Carmenére até hoje, mas a maioria dos vinhedos está corretamente segmentado.
O objetivo era um evento barato, com vinhos de até R$20,00. Reunimos sete degustadores na Pizzaria Tortelli, que nos recebeu sem cobrar rolha. Considerei a Carmenére uma boa uva para a degustação porque nessa faixa de preço algumas vezes proporciona um vinho vivo e de fácil apreciação. A tarefa do grupo era provar, testar seus próprios sentidos percebendo características do vinho e expressar suas impressões.

SANTA HELENA RESERVADO CARMENÉRE 2006
Cor Ruby. Aromas de framboesa, morango, bem frutado em geral. Boca ácida e com ácool excessivo. Taninos vivos. O vinho evolui para cereja, fica mais doce com o tempo. Sempre que deparadas com uma taça por mais tempo as pessoas começam a notar que o vinho muda, enquanto oxigena, o que é muito bom para a brincadeira seguir estimulante. R$18,50.

CONCHA Y TORO SUNRISE CARMENÉRE 2003
Mais opaco que o primeiro. Aroma fechado de couro, algum químico, amendoado, ameixa preta. Uva passa e compota aparecem também. Boca adstringente, já lembrando minerais, alguma especiaria também. Sou daqueles que não gosta da linha Reserva da Concha y Toro. Tomei algum que me agradou um pouco recentemente, mas em geral não gosto. Já os da Sunrise agradam muito e não são muito mais caros. Agora, cabe ter cuidado ao comprar porque alguns mercados chegam a vendê-los por R$29,00 no maior estilo “bom para otário”. O preço justo na praça de Curitiba é algo em torno de R$20,00. Pagamos neste R$22,50.
Em outra ocasião tomei o Sunrise Carmenére 2004 e estava muito melhor que o 2003, mais vivo, com aromas mais intensos a frutas frescas, especiarias e taninos vivos. Parece estar em melhor forma que o 2003, já meio passadinho. Talvez a safra 2004 tenha sido melhor também, mas reforço novamente: vinhos desta faixa de preço foram feitos para serem consumidos logo. Três anos é o tempo ideal para a maioria. Cuidado porque os mercados não tem muito compromisso com o consumidor nesse sentido.

CASA SILVA CARMENÉRE COLECCIÓN 2005
Já no clima de fim de degustação, quando nos digladiávamos com as excelentes pizzas da Tortelli, pedimos este para acompanhar a refeição sem perder o tema, afinal lá vendem o vinho a preços honestos para restaurante. Na taça estava brilhante com toques violáceos, belo. Aromas de morango, frutas vermelhas. Corpo médio, adequado, com tanino bem acomodado. Surpresa da noite, um vinho muito equilibrado. Em seguida, identifiquei ainda alguns aromas de verniz e especiaria muito delicada. Este sim fazendo jus ao que espero de um Carménere. Está um nível acima dos demais. R$25,00.


Santa Ema Sauvignon Blanc 2006

No intuito de dar uma mostra para minha esposa dos vinhos brancos chilenos abrimos o Santa Ema. Quase translúcido, com jeito de vinho bem fresco para o verão. Olfato não agradou tanto quanto a aparência, com toque herbáceo. Boca confirmando a falta de frescor esperada por mim para o Sauvignon Blanc chileno. Tomamos em família e a maioria gostou, eu é que fiquei mais decepcionado, pois neste blog já relatei Sauv Blancs mais empolgantes. R$27,00 no Festval Água Verde.