domingo, setembro 14, 2008

Chile X França

Logo em seguida à degustação de chilenos, a Confraria Bacco Ubriaco realizou confronto às cegas de vinhos do Novo e do Velho Mundo. Estavam na mesa chilenos e franceses. A identificação foi direta, pois as diferenças entre eles eram bem grandes. A surpresa veio no resultado do chileno: a confraria - eu também - acabou avaliando melhor o Marques do que o Dom Melchor.
Podemos pensar em muitos motivos. Talvez o Marqués esteja mais pronto e como era às cegas houve alguma dificuldade. Talvez faltou reconhecer o potencial de envelhecimento do Dom. Talvez valha a pena beber o Marques. Várias são as hipóteses e a certeza é uma só: às cegas muita coisa pode acontecer.
Em relação aos franceses, ainda que eu tenha concedido nota inferior a do Marques, gostei mais deles. Apenas reconheci mais qualidades técnicas no chileno.
Chego à conclusão de que o Chile oferece excelente custo-benefício e tomar um bom francês sempre faz bem ao espírito.

MARQUES DE CASA CONCHA Merlot 2005
Produzido em Rapel (Maipo) pela Concha y Toro. Belo Ruby brilhante. Aroma intenso, riquíssimo, complexo, delicado (cheio de adjetivos). Fruta vermelha, frescor lembrando menta, baunilha. O mentol vai abrindo cada vez mais. Boca jovem, taninos bem vivos, ainda pede por guarda. Final fresco e boa permanência. 14,5% de álcool. BU 89,42. WS 90. VV! 92. R$78,00 na Expand Curitiba.

CHÂTEAU LES HAUTS-CONSUILLANTES 2001
Este é um Lalande-de-Pomerol. 75% Merlot, 17% Cab. Franc, 8% Cab. Sauv.
Cor com um toque atijolado. Boa intensidade aromática, predomina tabaco com especiaria. Agradou. Taninos macios, bom corpo e excelente acidez. 13,5% de álcool. BU 89,20. WS 90. VV! 90. R$179,00 na Expand Curitiba.

CHÂTEAU LARRIVET-HAUT-BRION 2002
Este é um Pessac-Leognan, onde plantam Cabernet Sauvignon em maiores quantidades. No caso deste vinho com assinatura de Michel Rolland, há Cab Sauv e Merlot em seu corte.
A passagem de 18 meses de barrica realmente marcou. Intenso, café e algum aroma animal no início. Este aroma animal vai ganhando corpo com o tempo e aparece também terra molhada. Macio e agradável em boca, tem tanino presente e bem amalgamado no conjunto. Excelente final. 13% de álcool. BU 90. VV! 90. R$320,00 na Expand Curitiba.

DOM MELCHOR 2003 Cabernet Sauvignon
Este Cabernet Sauvignon da linha superior da Concha y Toro tem 6% de Cabernet Franc.
Cor ruby bem típica. Fruta delicada e baunilha no início. Revela mais baunilha, amora, mas senti falta da complexidade. Boca ainda tânica - surpreendeu saber a safra depois - e agradável, corpo um pouco mais leve e muita fruta. Taninos bem vivos todo o tempo. BU 88,33. RP 96. VV!88. R$268,00 na Expand Curitiba.

sábado, setembro 13, 2008

Chile - Maipo

A Confraria Bacco Ubriaco realizou degustações seguidas com vinhos chilenos. Nesta, o tema era produtos do Maipo. Todos eram rótulos bem conhecidos e bem conceituados pelos especialistas. Foram degustados às claras, ou seja, todos sabiamos o que estávamos provando. Comprados em viajem para o exterior, os preços pagos estão bem abaixo do mercado nacional.

DON MELCHOR 2002 Cabernet Sauvignon
Top da Concha y Toro, 96% Cab Sauvignon - 4% Cab. Franc. Feito em Puente Alto.
Apresentava algum alo. Boa intensidade aromática, muito agradável, fresco, ameixa, especiarias, algum chocolatinho. Com o tempo abre, fica mais intenso e pegamos fruta doce/geléia. Boca fresca, adocicada, ainda tem taninos. 14% de álcool. R$210,00. BU 90,72. VV!91.

EL PRINCIPAL 2001 Cabernet Sauvignon - Carmenère
Este vinho da Finca El Pincipal produzido em Pirque não passa por filtração.
Tinha alo também, cor mais opaca. Demora a revelar-se. Quando abre apresenta ameixa, frutas em calda, especiarias, pimenta e café.
Taninos macios, a boca é ótima. Final correto. 15% de álcool. R$210,18. BU 90,09. VV!91.

TERRUNYO Carmenère 2004
Linha intermediária da Concha y Toro feito Peumo. Recebeu 96 pontos de Robert Parker. 85% Carmenère, 12% Cab. Sauv., Petit Verdot e Cab. Franc.
Na cor tem um leve toque para o violeta. Aroma muito elegante, vai abrindo para chocolate, ameixa e frutas maduras. Gostoso no paladar, tem excelente corpo e taninos ainda marcando. Final longo. 14,5% de álcool. R$100,00. BU 87,63. VV!90.

HARAS DE PIRQUE CHARACTER 2005
Ainda que tenha sido o mais barato da noite, no Brasil não sairia por menos de R$80,00. 85% Syrah e 15% Cab Sauv.
Também um pouco mais violáceo. Aroma fresco, com especiarias, apresenta fruta lembrando framboesa. Excelentes taninos na boca. É potente, encorpado e tânico. 14,6% de álcool. R$40,00. BU 88,45. VV!89.

quarta-feira, setembro 03, 2008

Velha Vinífera #5 – 02/08/2008 Austrália

Noite memorável na Enoteca Decanter em que provamos um dos melhores vinhos de 2008. Poucos vinhos oferecem tanto na faixa de preço em que se encontra o Schild Estate Shiraz 2005. Vale muito tê-lo na adega para tornar especial um bom momento.

SHADOWS RUN 2005
Um corte de Shiraz com Cabernet Sauvignon que se revelou bem escuro e brilhante. Aroma fresco, de média intensidade, com frutas escuras, especiarias e alcaçuz. Boca meio desequilibrada com álcool aparente. Confirma alcaçuz e tem excelente final. Álcool 14%. R$54,00 .

SCHILD ESTATE SHIRAZ 2005
Ruby brilhante com um tom laranja, meio atípico para Shiraz. Na primeira abordagem, o aroma estava marcado pela madeira e apresentou especiarias, pimenta preta, couro e tabaco.
Durante a prova foi abrindo mais, ficando mais intenso e rumando para o couro. Mostrou muita complexidade e revelou fruta à framboesa, ameixa clara e floral. A cada vez que voltava a ele encontrava aroma diferente. O frescor chegou a comparar-se à menta.
Boca doce, encorpada, com ótima estrutura e taninos redondos. Vinho com excelente potencial de envelhecimento. Termina bem, com boa permanência e certo frescor. Álcool 14,5%. R$102,00 . VV! 93. WS 93.
Com a confraria Velha Vinífera não pontuava vinhos porque o objetivo da degustação não é este, porém o Schild Estate obrigou-me à avaliá-lo. Precisava ter certeza, na análise objetiva, se realmente ele ficaria tão bem. A maior surpresa não foi a minha nota, mas a nota da Wine Spectator e sua classificação como 16º entre os Top 100 de 2007 da revista.
Nem sempre concordamos com avaliadores de outros meios de comunicação, todavia este é um caso de absoluta concordância. O Schild Estate é um grande vinho, consistente no olfato, no paladar e na estrutura. Um dos melhores exemplares em sua faixa de preço.

KILIKANOON GRENACHE 2004
Cor interessante, mais clara do que estou acostumado para vinhos tintos. Aparenta leveza. Aroma intenso, potente. Frutas e madeira bem presentes. Suave geléia. Boca interessante, corpo um pouco mais leve, porém longe de ser defeito. Bem doce. Equilibrada delicadeza, com taninos vivos. Álcool 15%. R$ 124,00.

terça-feira, setembro 02, 2008

Velha Vinífera #5 - Notas de Estudo


Degustação #5 – 02/08/2008
Austrália - Enoteca Decanter

Conhecida também como “Down Under”, a Austrália é uma nação de extremos. Seu interior é marcado por uma região árida muito pouco habitada e ao Norte há rica floresta tropical. Devido às latitudes maiores, é só no extremo sul que se produzem vinhos de qualidade. As primeiras videiras foram plantadas em 1836 no Barossa Valley, mas o reconhecimento internacional veio nos últimos 20 anos. A exportação, sempre crescente, teve aumento vertiginoso de 1998 para cá. Para se ter uma idéia, em 2003 foram 524 milhões de litros exportados e em 2007 foram 785 milhões. Curiosamente, em 2007 a produção australiana diminuiu para níveis do início da década, mesmo com a área plantada aumentando. Isso está diretamente relacionado com as condições climáticas extremamente secas da safra.

REGIÕES
Na costa Oeste, ao sul de Perth, a região mais conhecida é Margaret River.
Ao Leste, as principais produções encontram-se não muito distantes das grandes cidades também. Em South Austrália, em torno de Adelaide, temos Clare Valley, Barossa Valley e McLaren Valley e, mais ao sul, Conawarra. Em Victoria, destaca-se o Yarra Valley e, em New South Wales, o Hunter Valley. Faz-se vinho também na ilha da Tasmânia.

CARACTERÍSTICAS
A uva mais característica do vinho da Austrália é a Shiraz, mas há também grandes Cabernet Sauvignons. Entre as brancas, destacam-se Chardonnay, Semillon, Riesling e Sauvignon Blanc. Os produtores australianos procuram plantar muitas uvas diferentes e testam cortes tanto tradicionais como inusitados. Os vinhos australianos têm como uma de suas referências os vinhos do Rhône, até pelo uso de uvas como Shiraz, Grenache e Mouvèdre.
A característica marcante é de vinhos ferrosos, devido à mineralidade do solo. Essa mineralidade é bem favorável aos vinhos brancos, conferindo complexidade comparável aos melhores do mundo. Os vinhos tintos tem bom nível de taninos e são muito encorpados.

Referências:
Rede:

http://www.wineatlas.net/ – Atlas Del Vino
http://www.australianwinespot.com/ – Australian Wine Spot
http://www.winespectator.com/ – Wine Spectator
http://www.wineaustralia.com/ – Site do Governo Australiano

segunda-feira, setembro 01, 2008

Supertoscano

Muito tempo atrás, numa informal degustação com confrades da Bacco Ubriaco, resolvemos tomar uns italianos. Não queríamos qualquer coisa e o Toscano era, de fato, um Supertoscano.
Estava devendo no blog a postagem dessa noite que incluiu um Chianti Classico e o excelente Tignanello.

JANUS
Prosecco Extra Dry. Bolhas meio grandes, cor palha. Aromas delicados de pêssego. Suave demais. No paladar é cítrico, macio e elegante. Mais macio que muitos proseccos que encontramos por aí, mas ainda simples. Álcool 11%. R$35,50. VV! 85.

TENUTA SANT´ALFONSO CHIANTI CLASSICO 2004
Ruby brilhante, alo de cor progressiva. Aroma intenso, frutado, alguma especiaria. Pimenta, um couro suave, café. Boca ácida, bem correta. Bom corpo. Durante a prova vai abrindo. Álcool 14%. R$82,00. VV! 90.

TIGNANELLO TOSCANA IGT 2003
Corte de Sangiovese com Cabernet Sauvignon.
Ruby para o vermelho. Muito complexo. Aromas de café, frutas secas, frutas escuras e geléia. Com o tempo vai mostrando um tabaquinho que cresce. Boca redonda, taninos doces. Muito persistente. No contraste entre os dois tintos vemos a diferença de estrutura deste vinho fantástico. Ele é muito elegante e proporciona prazer por horas na taça. Álcool 13,50%. R$345,00. VV! 92.