quarta-feira, janeiro 30, 2008

Direto do Chile

Ontem realizamos a degustação 112 da Confraria Bacco Ubriaco na Expand Winestore Curitiba. Agradecemos muito ao Rafael, um de nossos padrinhos, e a todo o time da casa por nos receber sempre muito bem.
Confrades enviados especialmente ao Chile trouxeram na bagagem vinhos especialmente selecionados para nossa degustação de abertura de 2008. O Sauvignon blanc não me agradou tanto. Já os tintos eram ótimos. Infelizmente esses vinhos não estão disponíveis no Brasil. Será que terei de ir até lá buscar uma caixa de Epo e uma garrafa de Almaviva?

Veramonte Reserva 2007

Este Sauvignon Blanc foi feito em Casablanca, a oeste de Santiago, 70 km em direção a Viña del Mar. Cor palha bem clarinho. Aroma suave e gostoso. Para mim herbáceo, lichia e leve citricidade. Tinha ataque meio excessivo à boca, onde perdeu pontos. Nota VV! 83, WS 87. Custou lá US$ 7,00.

Epo 2000
Epo significa, na linguagem nativa, segundo. Este é o segundo vinho da Almaviva, joint venture entre Rotschild e Concha y Toro. Almaviva é um dos grandes vinhos chilenos e seu irmãozinho não deixa dúvidas de sua estirpe. É feito em Maypo (cercanias de Santiago) das uvas Cabernet Sauvignon, Carménère e Cabernet Franc. No futuro terá também Merlot no corte. É o mesmo assemblage do Almaviva, porém o enólogo observa as porções de vinhos que não são propícios para guarda, afim de compor o Epo. Na verdade, o Epo fica pronto antes que seu par mais vigoroso, que alguns afirmam poder envelhecer até 25 anos nas melhores safras.
A política de comercialização é de vendê-lo apenas no Chile. Na vinícola sai em torno de US$15,00!!!!!!!!!!! No centro de Santiago pode ser encontrado a US$30,00.
Apresentou belíssima cor. Brilhante, límpido, já aparecia pequeno alo aquoso. Aromas de café e alcaçuz no início. Muito delicado. O químico do alcaçuz evolui para castanhas e flores. Boca desde o início revelou castanhas. Belos taninos marcantes. Já está pronto, mas ainda pode envelhecer mais alguns aninhos.
O vinho esteve constante pela hora e meia que me acompanhou em taça. Modifica-se com sutileza e mantém suas principais qualidades: Delicadeza e elegância. 14% de álcool. Nota VV! 90.

Coyam 2005

Produzido pela Emiliana em Colchagua é um blend de várias uvas: Syrah, Carmenére, Cab. Sauv., Merlot e Petit Verdot. Segue os conceitos orgânicos de produção.
Cor escura, leve toque violáceo. Aroma fechado o tempo todo. Ameixa preta e químico. Bom corpo, pesado à boca. Taninos vivos e adocicados. Melhor se bebido daqui uns três anos pelo menos. 14,5% de álcool . Nota VV! 88, WS 90. US$18,00.

Elegance 2004

A vinícola Haras de Pirque no início estava no ramo apenas da montaria. Nos anos 90 interessou-se pelas videiras e pela viticultura, passando a produzir vinhos considerados tops chilenos no Maypo.
Este puro Cab. Sauv. tem cor ruby brilhante. Belo aroma com cerejas. Boca mineral com taninos ainda aprisionados. Muuuuuito longo. Nota VV! 89, Tapia (autor do Guia Descorchados) concedeu-lhe 95!? 14,5% de álcool. US$35,00.

Enquanto blogava...
Bloguei bebericando um Periquita 2004 produzido em Terras do Sado, Setúbal, por José Maria da Fonseca com as uvas Castelão, Trincadeira e Aragonês. Um pouco opaco na cor, não apresentou as características que esperava. Nos anos 90 o Periquita era o vinho do dia-a-dia em minha casa. A José Maria Fonseca optou por mudar o estilo para um vinho mais moderno e bem frutado. Deixou a garrafa bojuda de lado e ganhou aromas de azedinho-doce e morangos frescos. Ficou fácil de beber, mas para mim o antigo era melhor.
Este 2004 nem o frutadinho fácil ofereceu. Aromas não me disseram muito e boca razoável, bem seca. Sem defeitos ou grandes qualidades. Como estava só, abri uma 1/2 garrafa (350ml), mas não acredito que isso faça tanta diferença nas características do vinho. Minha nota subjetiva: 80.

domingo, janeiro 27, 2008

Beyerskloof Synergy 2002 – Cape Blend

29/12/2007. Para quem está acostumado com a América do Sul é fantástico provar vinhos sul-africanos. Este veio de Stellenbosch. É um corte do cabo (cape blend) e, para isso, deve apresentar pelo menos 20% de Pinotage e 25% de Cabernet Sauvignon. No caso do Beyerskloof Synergy são 38% de Pinotage, 34% de Cabernet Sauvignon e 28% de Merlot.
Degustei o vinho em duas ocasiões distintas no fim de 2007 e esteve exuberante nas duas vezes. Cor densa, vermelho mais para o atijolado. Complexo, parece ter passado bom tempo em madeira francesa de primeiro uso: pimentão verde, oliva, animal molhado, pimenta, alcatrão. Pico de aroma com químico, framboesa e café. Intenso: uma explosão de aromas no nariz. Boca cheia com taninos doces que atacam, ótimos corpo e acidez. Após cinco anos está no ponto. Merece uns 40 minutos para abrir, portanto recomendo decantar. 14% de álcool. Nota Viva o Vinho! 90, Wine Spectator 84, Bacco Ubriaco 90,11. R$65,70.

Norton Reserva Malbec 2003

29/12/2007. Este argentino de Mendonza chama a atenção por receber 90 pontos regularmente na Wine Spectator. Importador e revendedores não deixam de lembrar ao vendê-lo e os insiders compraram em caixas este verdadeiro best buy. Já o tomei diversas vezes nesta mesma safra e sempre agradou. Desta vez, parei para fazer a análise técnica.
Elaborado com uvas Malbec oriundas de vinhas de 30 anos. Permaneceu 12 meses em barricas de carvalho.
Aspecto correto, cor ruby. Início de frutas e especiarias. Ganha complexidade mostrando baunilha e crescem as notas apimentadas. Os taninos foram abrindo, ganhando vida. Bom frescor. Vinho que muda ao longo do tempo, vai abrindo. Equilíbrio é a palavra-chave.
É um excelente vinho, sem qualquer defeito. Esta acima da média, porém não me empolguei tanto quanto a Wine Spectator. 14% de álcool. Nota VV! 88. Custou 32 pesos lá na Argentina (algo como R$26,00 quando da compra), no Brasil deve custar algo entre R$50,00 e R$60,00.

Vale da Judia 2005

20/12/2007. Aproveito para comparar o Cabriz com este vinho feito de Castelão, a mesma uva do Periquita. São vinhos opostos! O Cabriz é tradição, já este feito em Terras do Sado pela Coop. Agrícola de Santo Isidro de Pegões é moderno, confirmando a tendência na Península de Setúbal.
Belo vinho, ruby, límpido, brilhante. Aroma delicado de frutas vermelhas. Sem grande complexidade, todavia muito fresco e agradável. Corpo médio adequado, taninos vivos e macios, acidez proeminente e interessante. Final redondo.
Muito equilibrado. Excelente qualidade pelo preço. Ótima compra. 13,5% de álcool. Nota VV! 86. R$28,90 direto na Wine Company

Cabriz Colheita Seleccionada 2005

03/01/2008. Degustado para a Confraria Brasileira de Enoblogs.É um português DOC Dão produzido pela Dão Sul Soc. Vitivinícola S.A com as uvas Alfrocheiro, Tinta Roriz e Touriga Nacional. As garrafas do Dão são diferentes, mais bojudas na parte inferior. Esta era bem escura e possuía alto relevo da Cabriz.
Ao servir pareceu aquoso de corpo. Cor escura, ruby com leve acastanhado. Aromas iniciais mais frescos de oliva e pimenta. Evolui para fruta a ameixas pretas, doce. Torna-se mais agradável. Na boca tem bom corpo médio (contrariando a aparência inicial), boa acidez, alguma trava tânica e álcool. Agradável, rústico e simples.
A boca vai adocicando após aberto e o calor do álcool faz lembrar vinhos fortificados. Um vinho mais tradicional. 13% de álcool. Nota VV! 85. R$21,90 no Pão de Açúcar Água Verde.