sexta-feira, dezembro 31, 2010

Urban Blend Valle del Maule 2008 no Madero

Madero - O melhor hambúrguer do mundo
Aproveitando nossa viagem à Curitiba, fomos comer o super chesseburguer clássico gourmet do Madero. Feito com salada orgânica, carne de primeiríssima, pão especial fantástico preparado na manteiga, fogo forte para a sensação tostada por fora e vermelhinho dentro, 260g de hambúrguer com um preparo super especial: o sal é mais grosso e diferenciado e não vai farinha(deve ser pão). Tudo com o rigor do Chef Junior Durski.
Os aromas daquele mega cheeseburguer, os sabores dos vegetais orgânicos, hummmmm. Quem não gosta de tomante prepare-se: aquele tomate é fruta de uma categoria própria. A cebola assada é incrível. Cada pedaço e cada combinação diferente entre os ingerdientes são uma experiência gastronômica própria.
Esqueça os fast-foods. Para cada duas idas a qualquer deles, poupe seu organismo da gordura (e seu dinheiro) e vá uma no Madero. Você será uma pessoa mais feliz, tenho certeza.
Pense num restaurante fino, com todo o serviço adequado, adega de vinhos e etc... e que serve hambúrgueres.
- Ah, vinho e hambúrguer não combinam muito - você pode afirmar.
- Não mesmo! - é a minha resposta.
Mas dá para tomar o vinho antes, ficar só na água durante a refeição e voltar para o vinho depois. Talvez malbec ou tempranillo até funcionasse... talvez. Às vezes, o importante é curtir o que é bom sem esquentar demais a cabeça com regras.

Urban Blend Valle del Maule 2008

Se eu dissesse só nome do produtor aqui, dispensaria mais comentários: O. Fournier. Já que sou um chato prolixo, falarei dele.
É um blend com quase metade de Merlot, um bom percentual de Cab Franc, algo de Carignan e uma pitada de Cab Sauvignon.
Um padrão em minha vida no vinho é que o bom blend sempre brinca comigo a noite toda. Impressionante. Dá uma pesquisa para os químicos: Será que as variedades de uva volatizam diferente?
Deixando a ciência de lado, o fato é que esse vinho começou doce, com chocolate, couro, e aroma super fresco da merlot chilena. A boca redondinha, taninos corretos, acidez ótima e a estrutura da Cab Franc fechando o conjunto.
Depois, veio uma especiaria que tomou conta e terminou docinho, com o couro só na memória. Uma delícia. Um custo benefício incrível.
A O. Fournier faz a linha Urban com várias composições em localidades diferentes tanto no novo como no velho mundo. Este chileno está aprovado. 14% de álcool. R$59,00 no Madero (Você pode encontrar por R$40,00 em lojas).

quinta-feira, dezembro 30, 2010

Guardar ou não guardar: questão de qualidade

Um dia houve um mito que dizia ser bom o vinho tinto envelhecido. A literatura especializada já preveniu-nos que, para ser um vinho de guarda, é necessário que o produto tenha algumas características especiais. Não sendo o caso, o melhor é beber logo mesmo.
Não é necessário sair abrindo os tintos nacionais, os malbecões argentinos ou os bons cabs e merlots chilenos de 2010 com urgência no ano novo.
A maioria com 3 anos está muito bem; muitos com 4 anos estão melhores; e alguns chegam aos 5 anos fazendo a felicidade do enófilo por terem sido esquecidos no fundo da adega. O vinho comum não passa muito disso.
Em qualquer parte do mundo teremos exemplares para mais fôlego. Para os melhores (e quase certamente mais caros) de cada região o céu é o limite. Alguns chegam à plena forma aos 10 anos, outros aos 20, os fora de série ...
Toco no assunto por causa de um Santa Ema Cab Sauv 2004 que abrimos ontem, em casa de meu pai. Seis anos de vida completos para um vinho na faixa dos R$35,00 foi um pouco demais.

SANTA EMA CABERNET SAUVIGNON 2004

Tenho certeza que o chileno do Maipo foi um ótimo vinho até uns 2 anos atrás. Estava bom até e - diferente de outras ocasiões em que chegamos a jogar vinho na pia - tomamos alegres a garrafa toda.
A questão é que os aromas de defumado e geléia de fruta com toque de baunilha estavam meio opacos. As esperadas especiarias simplesmente não estavam lá. No paladar, havia um desequilíbrio ácido na língua e no retrogosto. Não chegou a ser ruim, mas estava óbvio que esse vinho já foi mais equilibrado. A cor não tinha mais brilho, era um marrom meio turvo.
Destaco que foi conservado em adega climatizada, o que favorece a preservação das qualidades.
13% de álcool. VV!79.

Um ou outro vinho comum pode surpreender-nos aos 6 ou 7 anos, mas sendo a última ou única garrafa dele, por que arriscar?

domingo, dezembro 26, 2010

Bandol

É necessário homenagear meu irmão, que proporcionou a excelente experiência de provar um Bandol.
A AOC Bandol é uma região do sul da França, ao Leste de Marseille. A Provence é conhecida pelos rosés (e logo postaremos uma degustação incrível com um rosé), mas Bandol é a região que faz bons tintos com altos percentuais de Mourvèdre.
O Château Jean-Pierre Gaussen é tratado como uma das casas tradicionais e reputadas. A adega foi construída incrustrada na pedra, mas conta com maquinário moderno. o rendimento do pequeno vinhedo de 12 hectares é de 35 hectolitros cada.

Château Jean-Pierre Gaussen Longue Garde 1999
Abrimos o vinho com pelo menos uma hora de antecedência e felizmente decantamos na hora de servir, pois havia borras. As referências on-line mostravam boas experiências com o vinho na mesma proporção de algumas garrafas de 99 já passadas.
Para nossa felicidade, este estava excelente, no ponto de ser bebido. No aroma de boa intensidade era predominante a característica animal, com alcaçuz. Muito seco em boca, os taninos predominaram, associados com uma agradável mineralidade. Só ficou devendo um pouco em harmonia e permanência, todavia é um vinho com a rusticidade esperada. Um vinho de verdade, com as peculiaridades próprias da Mouvèdre de Bandol. 13% de álcool. €15,00. VV! 89.

quarta-feira, novembro 03, 2010

FÉRIAS EM CWB

Depois de longo inverno, nesta longa adaptação ao Rio de Janeiro, enfim uma postagem.
Não paramos de beber o líquido sagrado, claro.
São muitos vinhos na Lidador Copacabana e outros tantos nos almoços de sexta-feira com um grupo de apreciadores muito especial.
Como estou de férias em Curitiba, vamos aproveitar para postar durante a degustação na casa de meus pais. Férias, cabeça fresca, o ambiente familiar; só faltava o blog.

DAL PIZZOL TOURIGA NACIONAL 2008 "200 ANOS"
Homenagem não muito conveniente aos 200 anos da vinda de D. João VI ao Brasil. Mais parece um oportunismo de merchandising para lançar um vinho de uva típica portuguesa em território brasileiro.
Irrelevâncias a parte, uma ótima ideia da Dal Pizzol plantar Tourigas por aqui.
Ruby com toques violáceos, aromas puxando a ameixas em calda e geléia. Bom corpo, taninos interessantes e bela acidez. Por óbvio, sem a mineralidade portuguesa, porém a alta acidez do solo sul brasileiros caiu muito bem na touriga nacional.
Final longo e correto. Ótima relação custo-benefício. Recomendado. 13% de álcool. R$27,90. VV!85

VIÑA SALORT SYRAH-TANNAT 2006
De um tannat uruguaio esperamos muita volúpia, corpo e presença. Num corte com Syrah, então, ... Infelizmente este aguadão de importação do Angeloni foi completamente reprovado.
Já começou pelo aroma de madeira forçado, dando impressão daquela prática reprovável de uso de chips de carvalho.
Em boca - a última esperança - a mesma impressão de madeira mal-acomodada e confirmada pela falta total de corpo. Não tivemos dúvida nenhuma em descartá-lo sem cerimônias, esvaziar as taças e passar para o próximo vinho. Admirou-nos que tenha, de fato, conquistado medalha de ouro no IV Concurso Internacional de Vinhos do Brasil, o que mostra o olhar crítico que devemos ter com esses prêmos. 13% de álcool. R$29,90. VV!72

DON DAVID MALBEC RESERVE 2005 Michel Torino
Algum preconceito meu com a vinícola Michel Torino foi diluído na boa experiência com este Malbec do Cafayate, em Salta. O vinho feito no norte da Argentina já começou com forte presença aromática de boa madeira e leve evolução benéfica.
Cor com tons violáceos. Aroma com aspectos químicos no início.
Merece tempo aberto para o oxigênio fazer seu trabalho. A fruta mostrou-se doce e um frescor ganhou o nariz.
Bom corpo, taninos macios, com final redondo e fresco, quase chegando às desejadas notas mentoladas. 13,6% de álcool. VV! 86

quarta-feira, junho 23, 2010

VídeoDegustações #3 e #4 - Ave Premium Malbec 2007

Degustação do Ave Premium Malbec 2007 realizada no DC Grill. O som não está 100%, afinal o equipamento é o mais amador disponível no mercado e o vídeo foi gravado no ambiente do restaurante.
Vale lembrar que este blog é independente e não recebe qualquer contribuição financeira. Se citamos os locais onde provamos vinho é por agradecimento aos estabelecimentos que abrem suas portas para nossas provas ou pela crítica ser de interesse como conteúdo para o blog.
Alinhar ao centro
VÍDEO DEGUSTAÇÃO #3


No segundo vídeo, uma conversa pós-degustação sobre harmonização com o Gelson regada com o ótimo Ave Premium Malbec 2007.

VÍDEO DEGUSTAÇÃO #4


Veja também outras VídeoDegustações do blog
VIVA O VINHO!
Marcador #VÍDEO DEGUSTAÇÃO

segunda-feira, maio 24, 2010

Em defesa da pluralidade

As diferentes cepas de uva são patrimônio da humanidade e precisam ser preservardas. Isso significa manter a produção dos vinhos das diferentes variedades para que os possamos provar.
Não sou da turma ebc - "everything but chardonnay" - até porque os chablis são fantásticos e há grandes obras de arte nos EUA, mas sempre fico muito animado em provar castas diferentes.
Portugal é a referência na preservação da cultura local, mantendo alguns vinhedos antigos com as parreiras misturadas. Recentemente, tomei um branco com Arinto, Fernão Pires, Rabo de Bode e etc. Os nomes são excelentes.
Na postagem de hoje, todavia trago um espanhol e um italiano com uvas menos famosas, ambos acessíveis no preço.

MATILE PINOT GRIGIO 2008
A uva Pinot Griogio é engraçada, pois à rigor é tinta. Ela foi desenvolvida pelo cruzamento da Pinot Blanc com a Gewurztraminer e o grigio do nome no francês é gris, que significa cinza. Vinifica-se em branco pela separação imediata das cascas, já na prensagem.
A região mais tradicional da vinificação em branco é o Norte da Italia, porém o Matile é feito na Umbria. Vinho palha translúcido, apresenta aroma fesco e agradável de frutas mesclado a certo perfume. A boca é seca e fresca, com boa acidez. Aparece algum desequilíbrio alcoólico e adstringência. Nada que comprometa, contudo, a relação qualidade/preço esperada para a faixa.
Um boa forma de provar essa peculiaridade do mundo do vinho sem gastar muito. R$25,00 na Lidador Copacabana. VV!83

ARTERO MACABEO 2008
Este vinho é de La Mancha, região logo ao sul de Madrid, que tem Toledo entre suas cidades conhecidas. O popular personagem Don Quixote também comunga suas origens na região.
A uva Macabeo tem largo uso na Espanha, porém é mais conhecida pela presença nas Cavas do que como variedade de vinho tranquilo. Este Artero 2008 tinha cor dourado brilhante para mim. Aromas florais e perfumados e algum peso em boca, com leve picância no paladar. É um vinho correto que agradou em sua faixa de preço. R$30,00 na Lidador Copacabana. VV!84.

quinta-feira, maio 20, 2010

Lidador Copacabana

Entre as novas aventuras enológicas no Rio de Janeiro, o blog Viva o Vinho! vem participando de provas de vinhos na loja Lidador Copacabana. O estabelecimento é bem fácil de localizar. Fica na Barata Ribeiro, 505.
A disposição dos vinhos nas prateleiras das lojas Lidador é belíssima. As estantes foram feitas de forma que o vinho fique disposto deitado, porém perpendicularmente ao observador em camadas, fazendo um efeito visual diferente.


Entre os muitos vinhos tomados em várias faixas de preço, destaco:

Corte Violla Prosecco Extra dry VSAQ
- R$17,50 (Valdobiadene)
Matille Pinot Grigio 2008 - R$25,00 (Umbria)
Monsaraz 2008 - R$25,00 (Alentejo)

Cardeto Nero della Greca Sangiovese 2005 - R$89,00 (Umbria)
Reguengos Garrafeira dos Sócios 2002- R$89,00 (Alentejo)
Villa Francioni Rosé 2008 - R$57,50 (Brasil)
Villa Francioni Francesco 2005- R$75,90 (Brasil)

Os citados aqui mereciam postagens próprias, mas já ficam as dicas no atacado para sistematizar a informação.

Brindes,
Leonardo

sexta-feira, fevereiro 12, 2010

Salton Talento 2005 - Niterói e o Vinho Nacional em Pauta

TRATORIA TORTA
Já é hora de começar a investigar a gastronomia de Niterói. É claro que já andei por aqui, mas os lugares mais propícios ao vinho só começaram a ser procurados agora.
Fui na Tratotia Torta só porque era perto de casa e acabou-se tornando uma grande surpresa. Além das massas normais, de terça a quinta eles têm um festival em que você pede quantas pequenas porções quiser. Uma degustação de massas, eu diria.
O atendimento foi atencioso e impecável. Destaques culinários para o molho com couve e pato e o molho ao pesto especial, com tomate seco.
A casa promove degustações com o Celso Alzer e a carta de vinhos é bem elaborada. Alguns vinhos com preço muito acima da curva de relação com o mercado (fora de restaurante), outros com preço bem interessante.
Escolhi o Salton Talento 2005 exatanente pela sua relação com o preço de mercado. Imagino que esteja mais alinhado porque um nacional de 5 anos pode estar no limite. De fato, a rolha estava bem infiltrada e não estava completamente inserida na garrafa. Com os sinais ruins, pensei que iria ter de devolvê-la, mas encarei. Ao provar, primeiro alívio, não estava estragado.

SALTON TALENTO 2005
Ainda que no site da Salton não diga, o Notas de Degustação afirma que são 60% Cabernet Sauvignon, 30% Merlot e 10% Tannat. Ele faz parte da linha superpremium da vinícola e só é lançado em anos excepcionais. Que eu me lembre, eles lançaram 2002, 2004 e 2005 apenas.
Havia provado o 2002 (veja) e tinha agradado com seis anos de idade, ainda que ficasse faltando alguma coisa. Este 2005, com cinco anos de idade, está inteiro, mas ficou faltando aquele algo mais novamente.
Assim que aberto, mostrou as frutas com adocicado, puxando para geléia, especiarias e acidez, sendo mais marcante aromas de café e baunilha. No gustativo, os taninos atacavam um pouco o céu da boca, todavia desconfiei que depois de aerado ele podia mostrar-se mais. Já aí, percebe-se a persistência apenas média e o corpo também mediano.
Ele muda e melhora muito com o tempo, o que é ótimo para brincar com a degustação. Surgem notas de alcaçuz e a doçura se firma como chocolate. Os taninos deixam de incomodar no céu da boca e dão uma secada geral. Parece que as características da Tannat deixam para aparecer mais tarde. Por fim, ele dá uma refrescância de fim de boca que chegou a lembrar uma menta (de que gosto tanto).
Minha impressão geral é de um bom vinho, que agüentou bem os cinco anos e que só falha no corpo mediano. No 2002 a falta de corpo também foi um problema, porém, entre os dois, fico com o 2005 e minha nota objetiva confirmou essa impressão. R$56,00. VV!87.

VINHO NACIONAL EM PAUTA
Tal avaliação o coloca entre os melhores do Brasil e é bom encontrarmos nacionais nesse nível. Não me lembro de vinhos brasileiros recebendo esse tipo de avaliação nos anos 90. Houve esforço, pesquisa e investimento das vinícolas para melhorarem a produção tupiniquim. A primeira grande safra que encontrou os produtores num patamar melhor de qualidade foi 2002.
Muitos blogs gostaram do vinho, todavia continua existindo controvérsia, como se pode ler na contundente opinião do Qvinho. Gostei do Salton Talento, embora tenha de concordar que pode estar um pouco fora de preço, um mal que é geral entre as grandes vinícolas nacionais e seus melhores vinhos. Só não é possível comparar nossa vinicultura com a dos vizinhos andinos e concluir que as empresas daqui são incompetentes. Parece que o terroir lá é melhor mesmo. Não consigo imaginar nossos "ícones" valendo de R$300,00 a R$500,00. Podemos fazer bons vinhos na casa dos R$50,00. Pena que alguns queiram cobrar R$90,00.

quinta-feira, janeiro 28, 2010

Barolo - Gaja Langhe Sperss 2001

No jantar de fim de ano da Confraria Bacco Ubriaco (veja o post)o português Barca Velha 2000 era a estrela da noite, causando efusivas e merecidas manifestações de elogio.
O Barolo Gaja Langhe Sperss, todavia, não agradava a mim e aos confrades. Estava fechado, não abria. Aromas e sabores não se desprendiam dele, o que me deixava intrigado, pois foram tantos Barolos até hoje e nenhum emplacava.
Trata-se de um vinho feito com uva Nebbiolo numa DOCG do Piemonte, conceituadíssima, com altas notas dos especialistas e sempre muito bem indicada. Espera-se um vinho intenso e complexo. No Decanter Wine Show do Rio em 2006 (ver Ago/06), em conversa com o Guilherme, cheguei a dizer que não sabia beber Barolos.
Felizmente, havia avisado aos confrades que chegaria atrasado ao jantar, mas que deixassem minha fração dos vinhos devidamente reservada. Jantamos, conversamos e nada do Sperss. Estar entre os amigos de confraria é muito bom e não tinha pressa nenhuma em esgotar minhas taças.
Enfim, após mais de três horas respirando no decanter e na taça, eis que surgem lampejos de vida no Barolo. Minha desconfiança virava certeza. Desconhecimento; pressa; ausência de planejamento. Algum desses fatores, ou mais de um simultaneamente, não permitiram que uma obra belíssima do mundo do vinho fosse apreciada em sua plenitude. Não era o caso de não saber beber, era de não saber servir.
Abrir uma boa (e geralmente cara) garrafa desses vinhos requer planejar a noite. Para um jantar às 20:00, é melhor abrir no máximo às 18:30 e deixá-lo perder a timidez, porque mostre suas nuances durante o evento.

GAJA LANGHE SPERSS 2001

Vinho com bela cor, brilhante. Demorou a abrir, mas uma vez "liberto" mostrou-se elegante. Junto da fruta e da especiaria, uma sensação de frescor formava o conjunto. Final perfeito, limpo e longo. R$1206,62 garrafa Magnum. WS93. VV!93-94.

Na nota o Barca Velha ainda foi melhor, contudo é necessário esclarecer que são vinhos completamente diferentes. O português é muito mais sutil e delicado. O barolo é mais denso e profundo. O Barca é emblemático do Douro, um ícone de sua linhagem. O Sperss é um excelente vinho, um bom representante de sua categoria, ainda que não seja o top do produtor.

terça-feira, janeiro 12, 2010

Se cansei de Carmenèré e Malbec? Sim e Não.

Mr Elmo perguntou nos comentários de Degustação de Encerramento 2009 se "estava enjoado de carmenere e malbec", assunto que, pelo visto, gera debate no Enoteca.
Pode ser que o debate por lá gire em torno de o mercado brasileiro estar ou não inundado de vinhos chilenos, argentinos, portugueses e etc. Para mim, o mercado brasileiro de vinhos, ainda que em grande expansão, é ínfimo em relação a suas potencialidades. Cabe muito mais vinho por aqui: Carmeneres, Malbecs e tantas outras cepas diferentes. Fica para nós, apaixonados por vinhos, a impossível e "terrível" tarefa de tentar prová-las todas.

CARMENÈRÉ
Quero abordar mais, contudo, a questão de meu gosto pessoal em si. Fui defensor da carmenèré uns anos atrás e a considerava uva de custo-benefício ideal. Atualmente, ficando na comparação histórica, prefiro Merlot do Chile à Carmenèré.
Os métodos usados no vinho de Carmenèré deixam-no muito lácteo. Notas "iogurtadas e exageradas" têm sido freqüentes nos chilenos até R$80,00.
E o que dizer de Syrah e Cab Sauv? Excelentes exemplares com essas uvas são produzidos no lado de lá dos Andes. O Chile produz muitas variedades boas para ficarmos na Carmenèré.
Lembrando de cabeça de bons chilenos, temos os Montes Alpha de Cabernet Sauvignon e de Syrah e o Marqués de Casa Concha Merlot.
Há a opção também do surpreendente Von Siebenthal Parcela 7 Assemblage com Cab Sauv, Merlot, Petit Verdot e Cab Franc.
No caso da Carmenèré, portanto, é verdadeiro: cansei. Ainda que os tops não sejam tão lácteos, fica faltando algo em minha opinião, vide meu comentário sobre o Carmín de Peúmo na Degustação de Encerramento 2009.

MALBEC
Já os Malbecs não me cansaram, não. Continuam a cair muito bem, ainda que outras cepas e combinações argentinas também não fiquem atrás.
Gosto muito dos nascidos em Luján de Cuyo e, mais particularmente, em Perdriel. Um bom exemplo da região é o Ave Premium Malbec que provei recentemente e logo estará em vídeo no blog.
Entre minhas referências com outras cepas, qualquer vinho da família Zuccardi com Tempranillo me agrada, desde o Santa Julia Tempranillo-Malbec (faixa dos R$15,00) ao Zuccardi "Q" (faixa dos R$90,00).
Já o Crios Syrah-Bonarda (na casa dos R$36,00) da Suzana Balbo oferece bela acidez e equilíbrio de outra escala de preços.
Buscando na memória cortes mais trabalhados, tanto o Luigi Bosca Gala 1 - com seu corte inusitado de Malbec/Petit Verdot/Tannat - como o Norton Perdriel Single Vineyard - Malbec/Cab Sauv/Merlot - já representam bem a Argentina.

PETIT VERDOT
Agora, se tem uma cepa que está mesmo na minha preferência é a Petit Verdot. Seja em outras regiões do mundo, seja nos vizinhos andinos, os vinhos que tenho provado com sua presença no blend sempre têm ótimos resultados. Até o Terrunyo da Concha y Toro (o meu preferido entre Carmenèrés) recebe uma pitada da pequena.