sexta-feira, janeiro 19, 2007

Comparação de Safras

Com muitos vinhos pela frente, particularmente brancos, tenho de publicar logo para acompanhar o passo. As provas são muitas e o janeiro quente que faz aqui chama sempre a tomar vinhos a baixas temperaturas em busca de frescor.
A recorrência de algumas marcas por simpatia pessoal e disponibilidade no mercado permitirá estabelecer pequenas diferenças em safras e faixas de preço.
De pronto, com este post é possível comparar as impressões entre os Santa Helena Reservado Chardonnay 2005 e 2006.

ADOLFO LONA BRUT ROSÉ
Este espumante ficou meio ano aí parado na adega (não climatizada). Estava até com medo de que já estivesse estragado, mas ao abrir apresentou boa espumação com bolhas finas e abundantes. A cor é salmão. O aroma muito fechado me lembrou maçã. A descrição da vinícola é "vinoso". A boca é sem frescor e alegria que espero em espumantes. Não me agradou, talvez até por eu não conhecer muito espumantes rosés. 12% de álcool. Comercializado na In Vino Veritas.

SANTA HELENA RESERVADO CHARDONNAY 2006
Cor amarela. Este chileno da confiável Santa Helena tem aromas ainda mais frutados que o 2005 (post anterior). Agrada-me muito mais esse frescor de fruta. A boca tem as características que esperamos da Chardonnay com algum amanteigado. Interessante que ao circular o vinho por todo paladar as laterais da boca são bem estimuladas como o 2005. Fico com o 2006! Menos amargor no final. 13% de álcool. Ainda caros R$19.00 no Mercadorama.

PERIQUITA BRANCO 2005
Um vinho bem diferente dos brancos antes provados. Este primeiro português de 2007 lembrou-me um pouco o Gewurz nacional, adicionado de bom frescor. Bem aromático, é "adocicado" no palato e no olfato lembrando, este sim, goiaba. Branco português é tiro certo. 12.5% de álcool. Em torno de R$20.00 no Mercadorama.

Notei que o Santa Helena 2005 e o 2006 possuem sutis diferenças em prol do último. Uma preocupação minha é sempre ressaltar as circunstâncias do vinho, pois companhia, evento e condições de consumo pesam em minhas impressões sobre o bebido.
Do 2006, fui eu quem controlei a temperatura e certamente estava mais baixa que a do 2005. Melhor seria ter feito prova vertical ao mesmo tempo em forma de degustação.
Posto tudo na balança meu escolhido é o 2006.

Adquiri a preço justo (enfim) o Santa Helena Siglo de Oro Chardonnay no Mercado Municipal de Curitiba. Ele é um passo acima em qualidade da linha Reservado. Provarei em breve!

domingo, janeiro 14, 2007

Janeiro de vinhos brancos

O Viva o Vinho! já está chegando na 2000º visita. Isso significa que a média diária gira em torno dos 12 ou 13 acessos. Fantástico. Duas ou três por dia são de retornos e a maioria absoluta vêm do google.
O ano continua em forte rítmo enofílico. Hoje é provável que eu prove mais dois ou três brancos nacionais, portanto vamos blogar os que já ficaram para trás, porque não se percam. Serão 1 nacional e 2 chilenos.

Cosecha Tarapacá Sauvignon Blanc 2005
Considerei o Cosecha um sauvignon blanc atípico. Ele não é frutado nem leve, não lembra a cítricos. Pelo contrário, é adocicado com algum corpo e amargor final. Vinho do chile que não desagrada a todos, mas que perde pontos por ser estranho. 12.5% de álcool. R$13.00 no Mercadorama.

Salton Volpi Sauvignon Blanc 2005
Podemos dizer que a ocasião em que foram provados estes dois foi a Exótica Noite do Sauvignon Blanc. O nacional da sempre confiável vinícola Salton tinha cor palha bem clarinha. O aroma ruma para o mineral. Ele é bem perceptível, mas de difícil descrição. Como foge do tradicional frutado e cítrico, recorri à roda de aromas da Vinho Magazine e concluí que lembra fluído de isqueiro. Quero ressaltar que não é defeito.
Como na boca ele era fresco e limpava bem o paladar, considero muita qualidade. A Salton fez um Sauvignon Blanc diferente que não chega a ser atípico. 11.9% de álcool. R$30.00 no Mercadorama.
Além da Roda de Aromas, fui ao site da Salton para ver o que eles mesmo diziam sobre o aroma. Eles não dizem qual a safra do vinho comentado, mas descrevem seu Sauvignon Blanc como frutado, a cítricos. O aroma diferente que peguei lá se equivaleria ao que chamam de "goiaba". Discordei um pouco, mas essa individualidade é que faz a brincadeira tão divertida.

Santa Helena Reservado Chardonnay 2005
Reclamei em outra publição de ter pago R$30.00 num Santa Helena, eis que aconteceu de novo. Nos restaurantes e cafés esse é o terrível preço, pelo visto.
Vamos ao vinho:
Cor amarela clara, com densidade típica. Aroma com pouca intensidade de abacaxi e mel. Boca amanteigada, com estimulação cítrica nas laterais. No fim, algum amargor. Um chardonnay sem madeira típico e honesto se pago em torno de R$15.00. 12.5% de álcoo. R$30.00 no Café Chef Vergé.

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Santa Helena Reservado Cabernet Sauvignon 2004

Nestes dias abafados e húmidos do janeiro curitibano tem feito ótimos fins de tarde. Nesta terça fui à pizzaria Távola Redonda na vizinha São José dos Pinhais para reencontrar bons amigos de outras empreitadas profissionais.
Cheguei no entardecer de horário de verão e já estavam tomando vinho. Era um nacional de uva americana que nem guardei o nome. Infelizmente não havia nenhum branco bebível. A pequena e boa pizzaria não tem boa carta e é caríssimo beber vinho lá. Pior, possui apenas vinhos médios ou fracos que saem muito caros.
Tentei não me decepcionar e pedi por doídos R$30,00 o Santa Helena Reservado Cabernet Sauvignon.
Solicitei balde de água e gelo para que a sopa virasse vinho e o Santa Helena acompanhou bem a pizza.

Santa Helena Reservado Cabernet Sauvignon 2004
Tudo no Santa Helena me lembra cereja. A cor, o aroma e o sabor. Ele é macio e desse bem, com um pouco de amargor no final. Fui fiel ao Santa Helena por algum tempo como o vinho de todo o dia. Houve alguma safra ruim que me afastou dele, onde o álcool ficou muito prenunciado no palato. Agora parece que reencontraram o jeito de fazer um vinho macio e correto que geralmente sai por R$15,00 nas vendas de Curitiba.
Atinje os 80 pontos tranquilamente. Vale a pena conhecer o site da Santa Helena linkado.

Continua a vontade de fazer uma degustação de nacionais brancos baratos. Deve sair semana que vem.

sexta-feira, janeiro 05, 2007

2007 de Muitos Vinhos

Talvez seja maldição da Sidra!!! O Rafael já pediu a postagem das duas que estouramos no ano-novo.
No Rio nem me preocupei com vinho. Passeamos muito, revi grandes amigos cariocas e de toda parte do Brasil e fomos muito bem recebidos por nossos anfitriões do paraná em terras fluminenses.
Quando cheguei em Copacabana para a virada de ano já eram 23:15 e nem pensei em bebida. Estava achando muito tomar no bico ou em copinho de plástico qualquer espumante decente.
Foi quando deu uma louca em mim e no Rafa e compramos por cincão num camelô duas cidras geladas que vieram somar-se com mais uma que já estava na área. Quando do ano-novo, até estouramos com direito a espuma jorrando e tudo. Que beleza!
Os VIPs de Copa e de Ipanema até que detonam bons líquidos em plena rua. Testemunhei garrafas de Veuve Cliquot, Taittinger, Moet & Chandon e Paul Roger.
Quanto aos aromas e sabores dos líquidos, não publicarei porque as garrafas já se encontravam sem rótulo quando às compramos, risos!

Sem contar as ditas, o ano começou muito intenso. No quinto dia de 2007 já tomei seis rótulos. Infelizmente muitos não passaram de razoáveis, algum até bom, porém não há destaques. Nenhuma garrafa de ajoelhar e rezar.
Deve ser a maldição daquelas sidras. Tristemente, terei de abrir um bom vinho conhecido e seguro para dar início às provas de vinho que marcarão 2007.

Aproveito para postar rapidamente os seis já provados para não deixar que passem em branco.

Chateau Luxeuil 2003
Tomei este francês que havia ganho de presente dia 02/01 em casa. Ficara tempo demais na geladeira e pela primeira vez usei o termômetro para aguardar que chegasse a temperaturas melhores.
Ele é um Bordeaux Côtes de Francs. A região fica ao norte do rio Dordogne, afastada de sua margem direira pela região de Côtes de Castillon. Estando 10 km a leste de Saint-Emilion, nem se compara ao Cap de Mourlin já provado por este enobloguista. (mapa)
A cor não me impressionou. Não tinha brilho, era apenas ruby básico. O aroma não era intenso nem tinha grande destaque. Baunilha básica, frutas vermelhas e algum herbáceo. A boca também deixou a desejar, com amargor. 13% de álcool.
O vinho não é tão terrível quanto parece a descrição. O problema é o preço: vinhos na faixa de R$40,00 devem ser de regiões com melhor custo-benefício. Em rápida pesquisa descobri que na Europa sai por três euros. Lá, preço justo.

José de Sousa Mayor 1999
Bem recebidos em casa de amigos tomamos 4 garrafas ontem. Abrimos a noite com Chandon Brut, que manteve sua consistência de alguns anos e estava agradável. Depois tomamos o Quara, um cabernet sauvignon argentino bem desequilibrado que não faria 80 pontos. Teve quem gostou.
Em seguida um Duetto Cabernet Sauvignon - Merlot 2003 da Casa Valduga que levei e não me agradou também. Madeira exagerada e de pouca qualidade a dominar e estragar tudo. Na boca a madeira continua incomodando, acidez e taninos pra lá de estranhos. Menos de 80 pontos. Por R$23,50 é um absurdo! Decepção com a Valduga que faz vinhos bem mais corretos na linha varietal.
Enfim chegou o José de Sousa Mayor, um alentejano feito de maneira diferenciada: pisado em lagares de granito e descansado em ânforas de barro.
O vinho tem boa cor. O aroma é bem equilibrado entre a baunilha e as frutas. A boca é agradável e tem tâninos que ainda podem evoluir, mesmo tendo oito anos. Bem limpa, com menos intensidade aromática no palato, puxando ao mineral. Final tranquilo e de persistência boa, sem amargor. Não chega a elevar às alturas, mas ficaria com uns 85.

Pulenta Estate 2002 Merlot II
Este Merlot de Mendoza decepcionou desde a abertura até este final que estou degustando agora. Sacada a rolha e constatado que o vinho não abria foi para o decanter. Começamos a tomá-lo mesmo com 20 minutos de decanter e nada de abrir. Cor bem escura, prometendo um vinho mais concentrado e elegante. Aromas fechados (que não abriram nunca) de ameixa e chocolate. Na boca tâninos rascantes e excesso de álcool que o aroma já prenunciava. Desequilibrado. Realmente não dava para esperar demais de um merlot argentino. Talvez agrade algum parkeriano; para mim não serve.
14,9% de álcool! Preço desconhecido. Quem sabe 82 pontos.

Neste início de 2007, boa é a leitura do livro "O Julgamento de Paris" sobre a degustação de 1976, que marcou o reconhecimento de novas tecnologias na vinicultura e deu impulso à produção de vinhos melhores no novo mundo.
É interessante ler sobre a paixão dos produtores e as histórias que marcaram a busca pela qualidade nos vinhos na califórnia. Agradeço ao Laércio pelos sempre certeiros presentes literários de natal.