A criação do enoblog Viva o Vinho! em agosto deste ano foi muito legal. Entre as 33 postagens foram comentados 59 rótulos bem variados. Está longe de significar tudo o que bebi no segundo semestre de 2006, mas já permitiu intercâmbio profícuo com enófilos portugueses e brasileiros e cumpriu a missão fundamental de começar a organizar minhas notas de degustação.
O Viva o Vinho! levou-me a cumprir a proposta pessoal de convidar os amigos a tomar vinho e aproximá-los mais deste mundo de aromas e sabores. Basta uma brincadeirinha em nossas degustações e o pessoal já percebe que a aura mítica que alguns criam é puro pedantismo.
Levando em conta que o primeiro semestre inteiro está de fora e não dei conta de blogar o segundo, tomei mais de 300 rótulos este ano. Pura suposição, porém deixemos assim por baixo para evitarmos o risco de errar demais para cima. Um profissional do ramo conta aos milhares suas provas, todavia para um consumidor a média foi boa.
Nesta relação dos meus melhores de 2006 procurei várias faixas de preço e regiões. Não abarca todo o mundo do vinho porque, infelizmente, não tomei de tudo.
Para se ter uma idéia, este ano tomei apenas uns 2 ou 3 uruguaios, 2 africanos, 2 australianos, 2 ou 3 neozelandeses. Nenhum alemão! Nenhum tokai húngaro!
Ausências serão muitas, portanto, neste meu resumo. Posso até cometer alguma injustiça com vinhos provados. O que vale é a honestidade com que tentei expressar aquilo que tomei e gostei. É retrato do que provou um consumidor médio, ficando a seleção dos 24 em menos de 10% do consumido.
Se em janeiro de 2006 alguém me perguntasse o que esperava de Bacco para o ano, de longe erraria. Nem sonhando teria imaginado que tomaria vinhos tão bons. Só tenho que louvar ao patrono da vinha e do vinho pelos líquidos que tenho consumido e pelas excelentes pessoas que os têm acompanhado.
Acredito que 2007 superará este ano que termina em qualidade e quantidade. Que venha!
DESTAQUES 2006
TINTOS ATÉ R$49,99
- Salton Classic Cabernet Sauvignon 2004 - Brasil - R$11,98 - Mercadorama Seminário
- Signos Syrah - Argentina - R$16,90 - Boulevard
- Etchart Privado Cabernet Sauvignon - Argentina - R$15,00 - Mercadorama Seminário
- Cunha Martins Reserva Tinto Dão 2002 - Portugal - R$36,00 - Vino!Batel
TINTOS ENTRE R$50,00 E R$109,99
- Cartuxa 2001 - Alentejo-Portugal - R$65,00 - Vino!Champagnat
- Zuccardi Q 2002 Tempranillo - Argentina - R$50,00 , se adquirido lá.
- Quinta da Alorna Reserva 2003 - Ribatejo-Portugal - R$68,00
- Argiano Rosso di Montalcino 2003 - Toscana-Itália - R$109,00 - Vino!Champagnat
TINTOS ACIMA DE R$110,00
- Burmester Tawny 20 Years Old - Porto-Portugal - R$180,00 - Vino!Batel
- Reciotto della Valpolicella I Castei Campo Casalin - Vêneto-Itália 1998 - R$189,90 - Decanter
- Cap de Mourlin Grand Crus Classé 1998 - Saint-Emilion França - R$? - França
- Domingos Alves de Sousa Reserva Pessoal Douro 2000 - Douro-Portugal - R$287,50 - Decanter
- Argiano Brunello di Montalcino 1999 - Toscana-Itália - R$308,00 Vino!Champagnat
- Pintia 2003 D.O. Toro - Toro-Espanha - em torno de R$200,00 - Villa Marcolini
- Valbuena Vega-Sicilia 1999 - Ribera del Duero-Espanha - em torno de R$450,00 - Villa Marcolini
ESPUMANTES
- Cave Geisse Brut 2003 - Brasil - R$46,00 - Vino!Champagnat
- Cuveé Brut Bellavista - Franciacorta-Itália - R$158,00 - Vino!Champagnat
- Moet & Chandon Brut Imperial - Champagne-França - R$179,00 Vino!Champagnat
BRANCOS
- Villard Expression Reserva Sauvignon Blanc 2005 - Chile - R$45,00 - Boulevard
- Errazuriz Viogner - Argentina - R$ 46,00 - Wine Company
- Paul Blanck Gewurztraminer 2004 - Alsacia-Fraça - R$90,00 - Boulevard
- Cloudy Bay Sauvignon Blanc 2004 - Austrália - R$100,00 - Boulevard
- Schipetto Collio Tokai Friulano DOC 2004 - Friuli-Itália - R$135,00 - Expand
- Muros de Melgaço Alvarinho 2004 - Vinho Verde-Portugal - R$124,00 - Boulevard
terça-feira, dezembro 26, 2006
Terrozo 2001 - 24/12/2006
Fico feliz que o Rafael tenha voltado à ativa. Como está em Curitiba, intimei-o a assumir o posto de ombudsman do blog e ele já se considera o crítico oficial. Suas tiradas são excelentes e o enoblog não é o mesmo sem seus comentários.
A Juliana esteve aí cobrando a publicação da champagne, mas ainda está devendo sua opinião. Recobro!
TERROZO DOURO DOC 2001
O Terrozo é um bom Douro DOC feito de Baga de Touriga. Provado no meio do ano em degustação fez o maior sucesso. Limpamos a Vino!Batel na ocasião.
Este reencontro com ele foi para dissipar meu ceticismo em beber vinho com carne de churrasco e confirmar o bom desempenho daquele dia. Encomendamos costela e cupim e forcei a barra em tomar este 2001 que já estava 6 meses deitado.
Decantado imediatamente após aberto, foi consumido com uma hora de descanso. Se a cor não era de vinho envelhecido, apresentou alo aquoso para testemunhar a idade.
Começou com madeira marcante, porém agradável. Aroma de baunilha típica do carvalho francês. Na boca estava bem seco e balsâmico, excelente para "limpar" a gordura da carne.
Com o tempo os aromas frutados cresceram, especialmente de cerejas em calda. A boca também evoluiu, revelando taninos interessantes e especiarias.
A prova foi muito boa e me convenceu de que vinhos estruturados e tânicos vão com carne. Os Malbec e Tannat do novo mundo que me aguardem.
A Juliana esteve aí cobrando a publicação da champagne, mas ainda está devendo sua opinião. Recobro!
TERROZO DOURO DOC 2001
O Terrozo é um bom Douro DOC feito de Baga de Touriga. Provado no meio do ano em degustação fez o maior sucesso. Limpamos a Vino!Batel na ocasião.
Este reencontro com ele foi para dissipar meu ceticismo em beber vinho com carne de churrasco e confirmar o bom desempenho daquele dia. Encomendamos costela e cupim e forcei a barra em tomar este 2001 que já estava 6 meses deitado.
Decantado imediatamente após aberto, foi consumido com uma hora de descanso. Se a cor não era de vinho envelhecido, apresentou alo aquoso para testemunhar a idade.
Começou com madeira marcante, porém agradável. Aroma de baunilha típica do carvalho francês. Na boca estava bem seco e balsâmico, excelente para "limpar" a gordura da carne.
Com o tempo os aromas frutados cresceram, especialmente de cerejas em calda. A boca também evoluiu, revelando taninos interessantes e especiarias.
A prova foi muito boa e me convenceu de que vinhos estruturados e tânicos vão com carne. Os Malbec e Tannat do novo mundo que me aguardem.
Marcadores:
N Portugal,
Uva Baga,
Vinho Tinto
terça-feira, dezembro 19, 2006
III Degustação Viva o Vinho - Resultados
Infelizmente não "blogo" com a freqüência que gostaria em função dos muitos compromissos, até porque não sou viciado na internet. Pretendo continuar blogando ainda que devagar, porém sempre.
Muitos vinhos foram bebidos desde agosto e nem todos vieram para o Blog. Estou devendo muita coisa que pretendo atualizar. Minha pré-pauta antes de lançar o blog era extensíssima e continua quase a mesma. Se abordei alguns assuntos, surgiram outros. O consolo é que tem conversa para muito tempo.
Nem os ótimos italianos tomados no primeiro semestre consegui buscar.
De qualquer forma, o blog está crescendo cheio de vida. Esta semana bateu a média recorde de acessos: 17 por dia até aqui. Acredito que muitos internautas estão a procura de dicas para as compras de Natal e Ano Novo.
Fica já a promessa de uma relação com o que de melhor foi provado em 2006!
O ideal agora é atualizar os acontecimentos do dia 13 último e torcer para que noites tão memoráveis se repitam.
Fico no aguardo dos comentários da Juliana, que esteve na degustação e já cobrou a publicação. A contribuição de todos é fundamental.
ESPUMANTES - VINO!CHAMPAGNAT - 13/12/2006
Com o calorzinho que vinha fazendo em Curitiba a noite era propícia para espumantes. Marcamos a degustação para o sofá do subsolo da Vino!Champagnat. É a charutaria da casa, mas qualquer incômodo com algum resquício de aroma de charuto é compensado pelo conforto das instalações.
O plano era uma noite divertida e informal. Registrar as impressões dos vinhos, mas sem dar notas objetivas. Havia pré-escolhido alguns rótulos para ir abrindo, objetivando um custo médio de R$30,00 por pessoa.
MARGOT EXTRA BRUT
Como entrada pedimos em taça esse espumante argentino. Ele estava fora dos planos, mas como estávamos a aguardar os demais começamos pelo vinho do dia.
Cor amarela e borbulhas grandes. Aromas frutados de pêssego e maçã. Boca macia, simples e correta, provavelmente com mais Chardonnay. No final tem amêndoa e cítrico. Boa sensação de agulha na língua. Dica: tome nacional. 12,3% de álccol
R$8,00 a taça (R$34,00 a garrafa)
CAVE GEISSE BRUT 2003
Como primeira garrafa oficial abrimos um dos melhores espumantes nacionais. Consistente ano após ano, não decepcionou. Tinha excelente bolhas finas e numerosas. Cor bem clarinha, palha. Aroma complexo com frutas maduras, frutas secas e bolacha de maizena. Na boca seco, com alguma cremosidade. Excelente acidez, agrada, belíssimo exemplar nacional. 12% de álcool
R$44,00
MOET & CHANDON BRUT IMPERIAL
Conversa vai, conversa vem. Aquele papo de quem bebeu Veuve Cliquot ali, quem bebeu aqui, surge a boa idéia boba: Vamos tomar uma?
Ninguém se opôs ao custo mais alto, mas aí exigi que tomássemos outra que não fosse a "Viúva". Decidimos por esta outra blockbuster.
Absurda intensidade aromática. Nem prestei atenção aos aspectos vizuais direito tamanha a força olfativa. Mineral a enxofre, animal. Muito complexa. Não tenho dúvidas de que a Moet está muito melhor que a Veuve. Impressionou a todos.
Mais aromas: Noz moscada, fruta a maçã? quem sabe? Com o passar do tempo ainda apresentou algum aroma mais para o tostado e amêndoas.
A boca é deliciosa. 12% de álcool
R$179,00 muito bem gastos!!!
PROSECCO RUGGERI DOC
Era para ficar na Moet, contudo o pessoal estava animado e resolveu tomar mais um Prosecco. Covardia prová-lo depois de um Champagnet francês.
Tentando esquecer a Moet (como esquecer?), é um estilo completamente diferente. Cor transparente e bolhas finíssimas. Muito sutil e delicado no aroma, floral. Boca bem adstringente e cítrica para o limão, também floral. Muito diferente, inclusive, do espumante nacional. Refrescante.
R$55,00
Foi ótimo ter provado um bom nacional e um champagne na mesma noite. Só não deixarei mais a turma tão solta porque, ao convidar, estimamos um custo e seria errado sempre extrapolar. Nossos eventos devem ser mais didáticos do que um desfile de vinhos top e devem objetivar o conhecimento do mundo do vinho sem excluir demais pelo preço. Já planejo a primeira de 2007 com vinhos brancos do novo mundo aproveitando o calor surpreendente em Curitiba.
Muitos vinhos foram bebidos desde agosto e nem todos vieram para o Blog. Estou devendo muita coisa que pretendo atualizar. Minha pré-pauta antes de lançar o blog era extensíssima e continua quase a mesma. Se abordei alguns assuntos, surgiram outros. O consolo é que tem conversa para muito tempo.
Nem os ótimos italianos tomados no primeiro semestre consegui buscar.
De qualquer forma, o blog está crescendo cheio de vida. Esta semana bateu a média recorde de acessos: 17 por dia até aqui. Acredito que muitos internautas estão a procura de dicas para as compras de Natal e Ano Novo.
Fica já a promessa de uma relação com o que de melhor foi provado em 2006!
O ideal agora é atualizar os acontecimentos do dia 13 último e torcer para que noites tão memoráveis se repitam.
Fico no aguardo dos comentários da Juliana, que esteve na degustação e já cobrou a publicação. A contribuição de todos é fundamental.
ESPUMANTES - VINO!CHAMPAGNAT - 13/12/2006
Com o calorzinho que vinha fazendo em Curitiba a noite era propícia para espumantes. Marcamos a degustação para o sofá do subsolo da Vino!Champagnat. É a charutaria da casa, mas qualquer incômodo com algum resquício de aroma de charuto é compensado pelo conforto das instalações.
O plano era uma noite divertida e informal. Registrar as impressões dos vinhos, mas sem dar notas objetivas. Havia pré-escolhido alguns rótulos para ir abrindo, objetivando um custo médio de R$30,00 por pessoa.
MARGOT EXTRA BRUT
Como entrada pedimos em taça esse espumante argentino. Ele estava fora dos planos, mas como estávamos a aguardar os demais começamos pelo vinho do dia.
Cor amarela e borbulhas grandes. Aromas frutados de pêssego e maçã. Boca macia, simples e correta, provavelmente com mais Chardonnay. No final tem amêndoa e cítrico. Boa sensação de agulha na língua. Dica: tome nacional. 12,3% de álccol
R$8,00 a taça (R$34,00 a garrafa)
CAVE GEISSE BRUT 2003
Como primeira garrafa oficial abrimos um dos melhores espumantes nacionais. Consistente ano após ano, não decepcionou. Tinha excelente bolhas finas e numerosas. Cor bem clarinha, palha. Aroma complexo com frutas maduras, frutas secas e bolacha de maizena. Na boca seco, com alguma cremosidade. Excelente acidez, agrada, belíssimo exemplar nacional. 12% de álcool
R$44,00
MOET & CHANDON BRUT IMPERIAL
Conversa vai, conversa vem. Aquele papo de quem bebeu Veuve Cliquot ali, quem bebeu aqui, surge a boa idéia boba: Vamos tomar uma?
Ninguém se opôs ao custo mais alto, mas aí exigi que tomássemos outra que não fosse a "Viúva". Decidimos por esta outra blockbuster.
Absurda intensidade aromática. Nem prestei atenção aos aspectos vizuais direito tamanha a força olfativa. Mineral a enxofre, animal. Muito complexa. Não tenho dúvidas de que a Moet está muito melhor que a Veuve. Impressionou a todos.
Mais aromas: Noz moscada, fruta a maçã? quem sabe? Com o passar do tempo ainda apresentou algum aroma mais para o tostado e amêndoas.
A boca é deliciosa. 12% de álcool
R$179,00 muito bem gastos!!!
PROSECCO RUGGERI DOC
Era para ficar na Moet, contudo o pessoal estava animado e resolveu tomar mais um Prosecco. Covardia prová-lo depois de um Champagnet francês.
Tentando esquecer a Moet (como esquecer?), é um estilo completamente diferente. Cor transparente e bolhas finíssimas. Muito sutil e delicado no aroma, floral. Boca bem adstringente e cítrica para o limão, também floral. Muito diferente, inclusive, do espumante nacional. Refrescante.
R$55,00
Foi ótimo ter provado um bom nacional e um champagne na mesma noite. Só não deixarei mais a turma tão solta porque, ao convidar, estimamos um custo e seria errado sempre extrapolar. Nossos eventos devem ser mais didáticos do que um desfile de vinhos top e devem objetivar o conhecimento do mundo do vinho sem excluir demais pelo preço. Já planejo a primeira de 2007 com vinhos brancos do novo mundo aproveitando o calor surpreendente em Curitiba.
terça-feira, dezembro 12, 2006
III Degustação Viva o Vinho! - Espumantes
Nesta época de fim de ano o blog aproveita para organizar a degustação de espumantes.
Não quero degustação muito técnica. Esse período de festas chama a organizar um evento mais "efervescente".
Como não pode deixar de ter caráter educativo, compilei breve material sobre a produção dessa obra comparável a "beber estrelas":
EFERVESCÊNCIA
Os vinhos espumantes têm sua imagem associada a festas e a comemorações. São eles que acompanham o ano-novo, o podium de competições esportivas e até o lançamento de navios ao mar.
Sua efervescência vem do gás carbônico que fica preso no líquido durante os processos de fermentação.
O método clássico – Champenoise – foi desenvolvido na região de Champagne, na França. Lá os vinhos já preparados costumavam voltar a fermentar no calor da primavera e ganhavam naturalmente a espuma. Era sinal de defeito no início, mas essa característica peculiar acabou atraindo o interesse dos apreciadores e se tornou o grande trunfo da região.
É tão recente a valorização do Champagne na história do vinho que só se tornou moda depois que foi adotado pela corte do duque de Orleans, no século XVIII. Atribui-se ao monge Dom Pierre Perignon o primeiro grande desenvolvimento das técnicas de produção da região, ainda no século XVII.
MÉTODO CLÁSSICO
O método clássico consiste em engarrafar um vinho tranqüilo junto de uma solução de açúcares e leveduras chamada licor de tiragem. As leveduras atacam os açúcares e os transformam em álcool e gás carbônico. Um defeito do processo é o depósito das leveduras junto ao vidro. A jovem viúva Nicole Barbe Ponsardin, proprietária da Maison Clicquot, foi quem criou a remuage, processo pelo qual se gira a garrafa diariamente e muda-se o ângulo em que se encontra para que os depósitos lentamente desçam para o gargalo.
Em seguida é feita a degola, que consiste na retirada desses depósitos, e é acrescentado o licor de expedição para ocupar o espaço vazio deixado pela degola. É o licor de expedição que definirá a quantidade de açúcar final de um espumante.
MÉTODO CHARMAT
O engenheiro francês Eugene Charmat desenvolveu um método industrial onde a segunda fermentação acontece em cubas de inox sob controle total de temperatura, de pressão e dos processos de fermentação das leveduras. Mais prático e barato, infelizmente este método acaba gerando vinhos menos complexos que o champenoise, valorizando ainda mais o trabalho artesanal.
PALAVRAS
Ainda que um vinho seja feito pelo método clássico, ele não poderá ostentar o nome Champagne ou Método Champenoise em sua comercialização. São nomes exclusivos dos vinhos feitos em Champagne. Quaisquer outros vinhos efervescentes no mundo só poderão ser chamados de espumantes. Algumas outras regiões demarcadas em outros países também tentam proteger seus nomes como Prosecco, Asti, Francia Corta e Cava.
FONTES
LAROUSSE. Larousse do Vinho.
SANTOS, Jose Ivan. Vinhos – O Essencial.
Não quero degustação muito técnica. Esse período de festas chama a organizar um evento mais "efervescente".
Como não pode deixar de ter caráter educativo, compilei breve material sobre a produção dessa obra comparável a "beber estrelas":
EFERVESCÊNCIA
Os vinhos espumantes têm sua imagem associada a festas e a comemorações. São eles que acompanham o ano-novo, o podium de competições esportivas e até o lançamento de navios ao mar.
Sua efervescência vem do gás carbônico que fica preso no líquido durante os processos de fermentação.
O método clássico – Champenoise – foi desenvolvido na região de Champagne, na França. Lá os vinhos já preparados costumavam voltar a fermentar no calor da primavera e ganhavam naturalmente a espuma. Era sinal de defeito no início, mas essa característica peculiar acabou atraindo o interesse dos apreciadores e se tornou o grande trunfo da região.
É tão recente a valorização do Champagne na história do vinho que só se tornou moda depois que foi adotado pela corte do duque de Orleans, no século XVIII. Atribui-se ao monge Dom Pierre Perignon o primeiro grande desenvolvimento das técnicas de produção da região, ainda no século XVII.
MÉTODO CLÁSSICO
O método clássico consiste em engarrafar um vinho tranqüilo junto de uma solução de açúcares e leveduras chamada licor de tiragem. As leveduras atacam os açúcares e os transformam em álcool e gás carbônico. Um defeito do processo é o depósito das leveduras junto ao vidro. A jovem viúva Nicole Barbe Ponsardin, proprietária da Maison Clicquot, foi quem criou a remuage, processo pelo qual se gira a garrafa diariamente e muda-se o ângulo em que se encontra para que os depósitos lentamente desçam para o gargalo.
Em seguida é feita a degola, que consiste na retirada desses depósitos, e é acrescentado o licor de expedição para ocupar o espaço vazio deixado pela degola. É o licor de expedição que definirá a quantidade de açúcar final de um espumante.
MÉTODO CHARMAT
O engenheiro francês Eugene Charmat desenvolveu um método industrial onde a segunda fermentação acontece em cubas de inox sob controle total de temperatura, de pressão e dos processos de fermentação das leveduras. Mais prático e barato, infelizmente este método acaba gerando vinhos menos complexos que o champenoise, valorizando ainda mais o trabalho artesanal.
PALAVRAS
Ainda que um vinho seja feito pelo método clássico, ele não poderá ostentar o nome Champagne ou Método Champenoise em sua comercialização. São nomes exclusivos dos vinhos feitos em Champagne. Quaisquer outros vinhos efervescentes no mundo só poderão ser chamados de espumantes. Algumas outras regiões demarcadas em outros países também tentam proteger seus nomes como Prosecco, Asti, Francia Corta e Cava.
FONTES
LAROUSSE. Larousse do Vinho.
SANTOS, Jose Ivan. Vinhos – O Essencial.
domingo, dezembro 10, 2006
II Degustação Viva o Vinho!
Aproveitamos a excelente recepção que Rogério e Eleandro do Tatibana nos proporcionaram e continuamos nossa saga propondo o
DESAFIO VINHO VERDE E COZINHA ORIENTAL
para amigos do enoblog.
Republico a pesquisa sobre essa região lusitana:
DOC VINHO VERDE
A Região dos Vinhos Verdes fica ao Noroeste de Portugal, também conhecida como Entre-Douro-e-Minho devido aos rios que a limitam ao Sul e ao Norte. À Leste, uma cadeia de montanhas a separa das regiões vinícolas do Douro, do Porto e de Trás-os-Montes. Sua delimitação foi estabelecida em 1908 e a demarcação aconteceu em 1929. Possui 6 subdivisões: Monção, Lima, Basto, Braga, Amarante e Penafiel. A cultura gastronômica da região inclui pratos exuberantes com Lampreia, Galo, Caldo Verde (repolho e batata), Sardinha e Porco.
UVA E VINHO
Tradicionalmente são 3 métodos de plantio das parreiras:
- “Uveira” ou “Vinha-de-enforcado”
– Planta-se uma ou mais parreiras próximas a outras árvores e permite-se que a parreira se entrelace à árvore, enforcando-a.
- Feixes de arames entre árvores.
- Latada. Com a modernização do cultivo as melhores vinículas os substituíram pela espaldeira.
Uvas brancas: Alvarinho, Loureiro, Trajadura, Avesso, Azal-Branco, Batoca e Pedernã (Arinto).
Uvas tintas: Rabo-de-ovelha, Azal- Tinto, Borraçal e Pedral.
O vinho verde costuma ser ácido e ter graduação alcoólica entre 8º e 11º . Os tintos são muito difíceis e apreciados apenas na própria região, podendo acompanhar bacalhau e refeições mais fortes. O branco é o grande destaque combinando com mariscos, frutos-do-mar e peixes. Sua produção é feita em duas fermentações. A primeira é alcoólica e a segunda é malolática. O gás residual, que dá o efeito de agulha, é resultado da segunda fermentação incompleta. Após engarrafados devem ser tomados imediatamente, no máximo um ano após produzidos. Os Alvarinhos da região de monções agüentam mais por ter mais estrutura, álcool e corpo. Podem ser tomados com três anos de idade.
VINHO VERDE E COZINHA JAPONESA
O autor Saul Galvão já destacou que o shoyu é dificílimo para combinações, porém exigiria champagne ou espumantes ácidos. A SBAV-SP testou a combinação de vinho verde com pratos orientações e segundo Beatriz Marques do “Basílico”, que esteve na degustação da SBAV, é uma boa alternativa aos champagne em função da acidez e do preço.
REFERÊNCIAS
LAROUSSE. Larousse do Vinho.
SAUL, Galvão. Guia de Tintos e Brancos.
SANTOS, José Ivan. Vinhos: O Essencial.
LINKS
Basilico
Sapo PT
Vinho Verde - site oficial da DOC
SBAV-SP
Vamos aos Vinhos:
CASAL GARCIA
Praticamente sem cor, transparente. Considerei o aroma muito fraco. Vinho fresco e frutado. Boa sensação de agulha na boca. Os presentes o consideraram suave, apresentando limão, maçã e fósforo (algo mineral). Foi considerado o que melhor harmonizou com sushis e sashimis, inclusive por membro da confraria BaccoUbriaco presente que havia provado outros 4 Verdes em outra ocasião. 10,5% de álcool.
Minha subjetiva seria 83, mas não é demérito nenhum por R$20,00. Disponível na Distribuidora de Bebidas do Batel.
MUROS ANTIGOS ALVARINHO - 2005
Cor amarela e sem borbulhas, ao estilo Anselmo Mendes. Muito aromático, intenso. Bem frutado lembrando manga. Com o passar do tempo aparece o maracujá. Muito ácido na boca, é estimulante e sutil. Demonstra estrutura agradavelmente atípica para Verdes e amanteigado da fermentação malolática mais desenvolvida. Tem boa permanência e apresenta sabor de abacaxi maduro.
Os amigos ainda destacaram sua complexidade e encontraram aromas de guaraná, erva-doce e lavanda. Discordando de mim, houve quem considerou sem graça no palato. 13% de álcool.
Minha subjetiva: 87. R$86,00 no Boulevard.
DESAFIO VINHO VERDE E COZINHA ORIENTAL
para amigos do enoblog.
Republico a pesquisa sobre essa região lusitana:
DOC VINHO VERDE
A Região dos Vinhos Verdes fica ao Noroeste de Portugal, também conhecida como Entre-Douro-e-Minho devido aos rios que a limitam ao Sul e ao Norte. À Leste, uma cadeia de montanhas a separa das regiões vinícolas do Douro, do Porto e de Trás-os-Montes. Sua delimitação foi estabelecida em 1908 e a demarcação aconteceu em 1929. Possui 6 subdivisões: Monção, Lima, Basto, Braga, Amarante e Penafiel. A cultura gastronômica da região inclui pratos exuberantes com Lampreia, Galo, Caldo Verde (repolho e batata), Sardinha e Porco.
UVA E VINHO
Tradicionalmente são 3 métodos de plantio das parreiras:
- “Uveira” ou “Vinha-de-enforcado”
– Planta-se uma ou mais parreiras próximas a outras árvores e permite-se que a parreira se entrelace à árvore, enforcando-a.
- Feixes de arames entre árvores.
- Latada. Com a modernização do cultivo as melhores vinículas os substituíram pela espaldeira.
Uvas brancas: Alvarinho, Loureiro, Trajadura, Avesso, Azal-Branco, Batoca e Pedernã (Arinto).
Uvas tintas: Rabo-de-ovelha, Azal- Tinto, Borraçal e Pedral.
O vinho verde costuma ser ácido e ter graduação alcoólica entre 8º e 11º . Os tintos são muito difíceis e apreciados apenas na própria região, podendo acompanhar bacalhau e refeições mais fortes. O branco é o grande destaque combinando com mariscos, frutos-do-mar e peixes. Sua produção é feita em duas fermentações. A primeira é alcoólica e a segunda é malolática. O gás residual, que dá o efeito de agulha, é resultado da segunda fermentação incompleta. Após engarrafados devem ser tomados imediatamente, no máximo um ano após produzidos. Os Alvarinhos da região de monções agüentam mais por ter mais estrutura, álcool e corpo. Podem ser tomados com três anos de idade.
VINHO VERDE E COZINHA JAPONESA
O autor Saul Galvão já destacou que o shoyu é dificílimo para combinações, porém exigiria champagne ou espumantes ácidos. A SBAV-SP testou a combinação de vinho verde com pratos orientações e segundo Beatriz Marques do “Basílico”, que esteve na degustação da SBAV, é uma boa alternativa aos champagne em função da acidez e do preço.
REFERÊNCIAS
LAROUSSE. Larousse do Vinho.
SAUL, Galvão. Guia de Tintos e Brancos.
SANTOS, José Ivan. Vinhos: O Essencial.
LINKS
Basilico
Sapo PT
Vinho Verde - site oficial da DOC
SBAV-SP
Vamos aos Vinhos:
CASAL GARCIA
Praticamente sem cor, transparente. Considerei o aroma muito fraco. Vinho fresco e frutado. Boa sensação de agulha na boca. Os presentes o consideraram suave, apresentando limão, maçã e fósforo (algo mineral). Foi considerado o que melhor harmonizou com sushis e sashimis, inclusive por membro da confraria BaccoUbriaco presente que havia provado outros 4 Verdes em outra ocasião. 10,5% de álcool.
Minha subjetiva seria 83, mas não é demérito nenhum por R$20,00. Disponível na Distribuidora de Bebidas do Batel.
MUROS ANTIGOS ALVARINHO - 2005
Cor amarela e sem borbulhas, ao estilo Anselmo Mendes. Muito aromático, intenso. Bem frutado lembrando manga. Com o passar do tempo aparece o maracujá. Muito ácido na boca, é estimulante e sutil. Demonstra estrutura agradavelmente atípica para Verdes e amanteigado da fermentação malolática mais desenvolvida. Tem boa permanência e apresenta sabor de abacaxi maduro.
Os amigos ainda destacaram sua complexidade e encontraram aromas de guaraná, erva-doce e lavanda. Discordando de mim, houve quem considerou sem graça no palato. 13% de álcool.
Minha subjetiva: 87. R$86,00 no Boulevard.
Vinho Verde - 20/11/2006 - Tatibana
Esteve aos meus cuidados a degustação de Vinho Verde da Confraria BaccoUbriaco, dando continuidade ao nosso tour pela Península Ibérica.
Fizemos no restaurante de cozinha oriental Tatibana com a proposta de pontuar os vinhos e, em seguida, verificar a possibilidade de harmonização com sushis e sashimis. Vamos aos Vinhos:
MUROS ANTIGOS LOUREIRO - 2005
Este vinho mais simples não nega o estilo do produtor Anselmo Mendes. Quase sem agulha, bem claro. Aromas de maçã-verde e pêra. Apresenta um final de boca amanteigado. Foi considerado o best-buy da noite por não apresentar grandes defeitos e ter o menor preço de todos. Preferi este aos de preço um pouco maior porque a sensação de acidez foi ótima e vejo relação clara com os aromas cítricos que encontro nos Sauvignon Blanc (meus brancos preferidos).
12% de álcool.
Pontuei 86. BU 83,28. R$37,00 no Boulevard.
VARANDA DO CONDE - 2005
Este corte de Alvarinho e Trajadura feito pela PROVAM tinha agulha mediana e cor mais para o amarelo. Apresentou aromas de pêssego e a acidez puxou para o limão. Alguém da confraria achou kiwi e floral. 13% de álcool.
Pontuei 84. BU 83,85. R$42,00 no Boulevard.
MUROS DE MELGAÇO - 2004 ALVARINHO
Este 100% Alvarinho da região de Monções feito pelo Anselmo Mendes realmente é um dos tops da região. Na cor era amarelo para dourado. Sem qualquer agulha, o mais ácido e mais aromático de todos. Em sua produção são utilizadas barricas de carvalho, o que é inusitado. Aromas de maracujá e manga. Alguns confrades levantaram mel, abacaxi maduro e damasco, ítens que também o podem descrever. Um estilo muito próprio de fazer Verdes. 12,5% de álcool.
Minha maior nota de brancos: 91. Uma das maiores da BU: 89,33. R$124,00 no Boulevard.
Além dos 3 que foram degustados, optamos por abrir a quarta garrafa que estava na reserva, mas só aguardando para entrar em campo. PORTAL DO FIDALGO é um alvarinho 2005 da PROVAM também. Estava muito gostoso e é ótima opção de alvarinho por um preço menor.
A impressão geral foi muito boa dos Vinhos Verdes. A acidez o torna candidato para harmonização com comida oriental, porém a conclusão dos confrades é que por preço menor é possível pedir um espumante nacional.
O objetivo destes vinhos refrescantes no fim foi cumprido, visto que devem ser estimulantes e alegres. Em dias quentes com frutos do mar cairão sempre bem.
Fizemos no restaurante de cozinha oriental Tatibana com a proposta de pontuar os vinhos e, em seguida, verificar a possibilidade de harmonização com sushis e sashimis. Vamos aos Vinhos:
MUROS ANTIGOS LOUREIRO - 2005
Este vinho mais simples não nega o estilo do produtor Anselmo Mendes. Quase sem agulha, bem claro. Aromas de maçã-verde e pêra. Apresenta um final de boca amanteigado. Foi considerado o best-buy da noite por não apresentar grandes defeitos e ter o menor preço de todos. Preferi este aos de preço um pouco maior porque a sensação de acidez foi ótima e vejo relação clara com os aromas cítricos que encontro nos Sauvignon Blanc (meus brancos preferidos).
12% de álcool.
Pontuei 86. BU 83,28. R$37,00 no Boulevard.
VARANDA DO CONDE - 2005
Este corte de Alvarinho e Trajadura feito pela PROVAM tinha agulha mediana e cor mais para o amarelo. Apresentou aromas de pêssego e a acidez puxou para o limão. Alguém da confraria achou kiwi e floral. 13% de álcool.
Pontuei 84. BU 83,85. R$42,00 no Boulevard.
MUROS DE MELGAÇO - 2004 ALVARINHO
Este 100% Alvarinho da região de Monções feito pelo Anselmo Mendes realmente é um dos tops da região. Na cor era amarelo para dourado. Sem qualquer agulha, o mais ácido e mais aromático de todos. Em sua produção são utilizadas barricas de carvalho, o que é inusitado. Aromas de maracujá e manga. Alguns confrades levantaram mel, abacaxi maduro e damasco, ítens que também o podem descrever. Um estilo muito próprio de fazer Verdes. 12,5% de álcool.
Minha maior nota de brancos: 91. Uma das maiores da BU: 89,33. R$124,00 no Boulevard.
Além dos 3 que foram degustados, optamos por abrir a quarta garrafa que estava na reserva, mas só aguardando para entrar em campo. PORTAL DO FIDALGO é um alvarinho 2005 da PROVAM também. Estava muito gostoso e é ótima opção de alvarinho por um preço menor.
A impressão geral foi muito boa dos Vinhos Verdes. A acidez o torna candidato para harmonização com comida oriental, porém a conclusão dos confrades é que por preço menor é possível pedir um espumante nacional.
O objetivo destes vinhos refrescantes no fim foi cumprido, visto que devem ser estimulantes e alegres. Em dias quentes com frutos do mar cairão sempre bem.
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