sábado, novembro 10, 2007

Argentinos

As provas de argentinos são muitas e continuarão assim, pelo visto. A boa relação de preço/qualidade é sempre destaque, ainda mais com as tarifas reduzidas do Mercosul.
Nem sempre sãovinhos bons ou me agradam como veremos abaixo, mas procurando bem cada um pode encontrar os que mais gosta.
Destaco mais uma vez que meu estilo de vinho é para mais complexos e delicados. Excessos de carvalho e álcool proeminente realmente me incomodam.

BALBI MALBEC 2002
Foi o caso deste Balbi. Álcool excessivo no olfato e no palato mataram qualquer chance de me agradar. Conseguimos tomá-lo até o fim, não foi o caso de derramar na pia, mas não compro. Alguém pode argumetar que para um vinho corrente ele estava passado. Em último caso, não aguentou 5 anos. 12,5% de álcool. Custou uns R$20,00 no Condor Sta Cândida.

SANTA JULIA TEMPRANILLO/MALBEC 2006
Sou apreciador dos vinhos desta casa, em especial os tempranillo. Outros cortes nessa faixa de preço não me agradam tanto. Já este oferece uma prova redonda, mesmo sendo tão em conta. Não tem tanta compelxidade, claro, mas é bem redondo, com aromas de ameixa, morango e alguma baunilha. Os tatinos são adocicados, sem quaisquer excessos ou amargores finais. 13% de álcool. Só R$18,00 no Condor Sta Cândida. (É possível achar a R$15,00 em promoções por aí).

FABRE MONTMAYOUR GRAN RESERVA MALBEC 2005
Excelente indicação do Fabio da Expand, o vinho causou entusiasmo. Aromas muito complexos de tabaco e algo animal, fundeados por ameixas em calda; variadas nuances aromáticas completavam o cenário. A boca dele é explêndida e apresenta uma característica que não tinha experimentado em malbecs: é refrescante, lembrando eucalipto ou bala de menta. Essa característica tinha provado num merlot californiano pela primeira vez e depois só fui reencontrá-la em merlots do Chile (sempre vinhos de mais de R$50,00). Muito bom ter essa experiência num argentino. 14,5% de álcool muito bem equilibrados. R$65,00 na Expand Curitiba.

Luz de velas

A confraria Bacco Ubriaco teve uma experiência nova esses dias. Curitiba está passando por uma primavera repleta de temporais. Pode ser casual, mas os alarmes dos climatologistas sobre as mudanças parecem fazer sentido quando um período como esse acontece. É possível que tenhamos de nos acostumar e nos preparar para climas mais extremos.
O fato é que meia cidade (ou mais) ficou sem luz no dia 29 de outubro. Quando chegamos à casa de nosso anfitrião, era tudo à base de luz de velas. Não impediu o jantar gentilmente oferecido por ele e por um de nossos novos amigos, que preparou uma excelente massa.
Claro que a falta de luz gerou dificuldades e atrasou o serviço. Fomos agraciados com dois brancos para “brincarmos” antes da degustação oficial começar. Um era sauvignon blanc chileno que não guardei o nome. Como convidado não perguntei o preço dos vinhos bebidos, mas não era um vinho particularmente interessante.
O segundo branco já era outra história. O CRIOS TORRONTÉS foi surpreendente. Os torrontés argentinos que havia provado antes eram vinhos mais baratos (na faixa dos R$15,00). Os excessos de álcool e uma boca que descrevo como quadrada marcam tais produtos. O Crios, contudo, estava bem macio. Aromas de frutas e até mesmo lichia. Certa untuosidade no palato que enche bem a boca. Lembrou vinhos aromáticos como feitos de Gewurztraminer do novo mundo. Gostei.

O tema da degustação oficial era “uvas pouco comuns da Itália”. Quatro vinhos seriam tomados, porém um deles estava morto infelizmente. Vamos aos três sãos:

FRANZ HAAS LAGREIN 2003
Varietal da uva Lagrein este tinto de Trentino no Alto Adige apresentou aromas de alcaçuz e algo animal. Boca fresca e algo mineral, tinha alguma acidez e o excesso de álcool lhe tirou alguns pontos. 12,5% de álcool. R$102,03. Nota 87 BaccoUbriaco 88,37.

ALMANERA 2003
Interessantíssimo vinho Nero D´Avola Siciliano. Complexo, típico e boa intensidade aromática. Lembra cantina e remete a embutidos imediatamente. Evolui e vai amaciando durante a degustação. 13,5% de álcool. R$73,42. Nota 90 BU 86,33.

FRANZ HAAS PINOT NERO 2003
Este Trentino chamou muito mais atenção que o primeiro. Pinot Nero na Itália é o mesmo que Pinot Noir na França. Cor muito clara, mais rosada. Nenhuma relação com a cor atijolada de muitos Pinots pelo mundo. Belo e peculiar. Aroma mais intenso que o esperado pela cor. Evolui para uma compota agradabilíssima. 13,5% de álcool. R$ 117, 03. Nota 90 BU 89,50.