sábado, dezembro 29, 2007

Confraria Brasileira de Enoblogs

Está difícil de participar da Confraria Brasileira de Enoblogs. Bebi com atraso o vinho e só estou postando um mês depois. A data é o primeiro dia de cada mês e a proposta é fantástica: enófilos virtuais do Brasil todo darem sua opinião sobre um vinho.
Antes tarde do que nunca, coloco abaixo minhas anotãções sobre o vinho de 1º de Dezembro:

Trivento Shiraz/Malbec 2005
Argentina. Cor ruby opaco. Aromas de castanha e ameixa fresca. Frutado com especiarias. Paladar condimentado como o aroma, algum calor alcoólico, corpo médio. Tanino doce - groselha - e final tranquilo. A boca corresponde ao olfato. Incomodou certo ataque alcoólico. Bem honesto. Harmônico, ganhou um ponto extra. 12,5% de álcool. Nota 83.

Tokay Aszú

Como parte do encerramento das atividades de 2007, a Confraria BaccoUbriaco promoveu as degustações 111 e 112 juntas. A última foi durante a sobremesa do evento, quando avaliamos 3 Tokays.
Entre as muitas cepas que entram em sua elaboração, os maiores percentuais ficam para Furmint e Hárslevelü (pronuncie como quiser, risos). O termo aszú diz respeito aos bagos atacados pelo fungo Botrytis cinerea, que são colhidos um a um em várias passagens pelas vinhas.
De acordo com a quantidade de bagos atacados pelo fungo que são adicionados ao mosto é que se medem os puttonyos. Quanto mais puttonyos (ou cestas de uvas botrytizadas), mais doce é o vinho e de maior qualidade.
Experiência sui generis, exigiu muita disciplina não tomar o sorvete da sobremesa durante a prova para não contaminar demasiadamente o paladar, afinal toda garrafa de Tokay exibe a frase de Luís XIV: “VINUM REGUM – REX VINORUM”.

St. Stephan´s Crown Tokay Aszú 3 Puttonyos 2000

Cor dourada e brilhante. Certa untuosidade. Aromas de doce de damasco, mel e laranja doce. Boca agradável e algum incomodo no retrogosto. R$100,00. Importado pela Hungaria Merc Ltda

Chateau Megyer Tokay Aszú 4 Puttonyos 1999

Belíssimo aspecto âmbar escurecido. Nariz bem mais complexo. Boca acertadíssima, sem nenhum defeito. Excelente! R$200,00. O TOKAY DA NOITE!

St. Stephan´s Crown Tokay Aszú 5 Puttonyos 2000

Também dourado e, sendo do mesmo produtor do primeiro Tokay, com certa semelhança. Final bem mais adequado. Muito melhor que o inferior da St Stephan´s. R$200,00. Importado pela Hungaria Merc Ltda

quinta-feira, dezembro 13, 2007

IV Degustação Viva o Vinho! – CARMENÉRE

Depois de tanto tempo sem degustação do blog finalmente fizemos mais uma. O objetivo desta vez foi reunir amigos que curtem a brincadeira, mas que não são tão acostumados a sentar em frente a uma taça e examinar atentamente o vinho.
Escolhi a Carmenére por ser a uva que se tornou símbolo do Chile. Não é necessariamente a melhor uva chilena. Eu, particularmente, adoro os Sauvignon Blanc. Excelentes Cabernet Sauvignon, Merlot e até mesmo Malbec são alcançados por lá.

CARMENÉRE
A Carmenére ganhou notoriedade exatamente por existir comercialmente apenas no Chile... e por obra do acaso. Até 15 anos atrás acreditava-se que eram parreiras de Merlot de um clone diferente. Estudos mais aprofundados mostraram que se tratava de outra variedade.
Ela deixou de ser plantada na França após a praga da filoxera que devastou vinhedos do mundo inteiro no fim do século XIX e início do XX. Ao refazer os vinhedos, os agricultores tornaram-se mais criteriosos afim de evitar perdas futuras e passaram a escolher cepas mais resistentes. A Carmenére por ser especialmente sensível a algumas doenças acabou descartada.
Devido a seu isolamento geográfico, o Chile foi a única região do mundo poupada da filoxera e acabou conservando a Carmenére, que lá permaneceu disfarçadada como uma Merlot estranha até os anos 1990. Após ser redescoberta, foi corretamente identificada e isolada da Merlot para produzir os varietais. É possível que haja ainda algum tipo de mistura na elaboração de Merlot e de Carmenére até hoje, mas a maioria dos vinhedos está corretamente segmentado.
O objetivo era um evento barato, com vinhos de até R$20,00. Reunimos sete degustadores na Pizzaria Tortelli, que nos recebeu sem cobrar rolha. Considerei a Carmenére uma boa uva para a degustação porque nessa faixa de preço algumas vezes proporciona um vinho vivo e de fácil apreciação. A tarefa do grupo era provar, testar seus próprios sentidos percebendo características do vinho e expressar suas impressões.

SANTA HELENA RESERVADO CARMENÉRE 2006
Cor Ruby. Aromas de framboesa, morango, bem frutado em geral. Boca ácida e com ácool excessivo. Taninos vivos. O vinho evolui para cereja, fica mais doce com o tempo. Sempre que deparadas com uma taça por mais tempo as pessoas começam a notar que o vinho muda, enquanto oxigena, o que é muito bom para a brincadeira seguir estimulante. R$18,50.

CONCHA Y TORO SUNRISE CARMENÉRE 2003
Mais opaco que o primeiro. Aroma fechado de couro, algum químico, amendoado, ameixa preta. Uva passa e compota aparecem também. Boca adstringente, já lembrando minerais, alguma especiaria também. Sou daqueles que não gosta da linha Reserva da Concha y Toro. Tomei algum que me agradou um pouco recentemente, mas em geral não gosto. Já os da Sunrise agradam muito e não são muito mais caros. Agora, cabe ter cuidado ao comprar porque alguns mercados chegam a vendê-los por R$29,00 no maior estilo “bom para otário”. O preço justo na praça de Curitiba é algo em torno de R$20,00. Pagamos neste R$22,50.
Em outra ocasião tomei o Sunrise Carmenére 2004 e estava muito melhor que o 2003, mais vivo, com aromas mais intensos a frutas frescas, especiarias e taninos vivos. Parece estar em melhor forma que o 2003, já meio passadinho. Talvez a safra 2004 tenha sido melhor também, mas reforço novamente: vinhos desta faixa de preço foram feitos para serem consumidos logo. Três anos é o tempo ideal para a maioria. Cuidado porque os mercados não tem muito compromisso com o consumidor nesse sentido.

CASA SILVA CARMENÉRE COLECCIÓN 2005
Já no clima de fim de degustação, quando nos digladiávamos com as excelentes pizzas da Tortelli, pedimos este para acompanhar a refeição sem perder o tema, afinal lá vendem o vinho a preços honestos para restaurante. Na taça estava brilhante com toques violáceos, belo. Aromas de morango, frutas vermelhas. Corpo médio, adequado, com tanino bem acomodado. Surpresa da noite, um vinho muito equilibrado. Em seguida, identifiquei ainda alguns aromas de verniz e especiaria muito delicada. Este sim fazendo jus ao que espero de um Carménere. Está um nível acima dos demais. R$25,00.


Santa Ema Sauvignon Blanc 2006

No intuito de dar uma mostra para minha esposa dos vinhos brancos chilenos abrimos o Santa Ema. Quase translúcido, com jeito de vinho bem fresco para o verão. Olfato não agradou tanto quanto a aparência, com toque herbáceo. Boca confirmando a falta de frescor esperada por mim para o Sauvignon Blanc chileno. Tomamos em família e a maioria gostou, eu é que fiquei mais decepcionado, pois neste blog já relatei Sauv Blancs mais empolgantes. R$27,00 no Festval Água Verde.

sábado, novembro 10, 2007

Argentinos

As provas de argentinos são muitas e continuarão assim, pelo visto. A boa relação de preço/qualidade é sempre destaque, ainda mais com as tarifas reduzidas do Mercosul.
Nem sempre sãovinhos bons ou me agradam como veremos abaixo, mas procurando bem cada um pode encontrar os que mais gosta.
Destaco mais uma vez que meu estilo de vinho é para mais complexos e delicados. Excessos de carvalho e álcool proeminente realmente me incomodam.

BALBI MALBEC 2002
Foi o caso deste Balbi. Álcool excessivo no olfato e no palato mataram qualquer chance de me agradar. Conseguimos tomá-lo até o fim, não foi o caso de derramar na pia, mas não compro. Alguém pode argumetar que para um vinho corrente ele estava passado. Em último caso, não aguentou 5 anos. 12,5% de álcool. Custou uns R$20,00 no Condor Sta Cândida.

SANTA JULIA TEMPRANILLO/MALBEC 2006
Sou apreciador dos vinhos desta casa, em especial os tempranillo. Outros cortes nessa faixa de preço não me agradam tanto. Já este oferece uma prova redonda, mesmo sendo tão em conta. Não tem tanta compelxidade, claro, mas é bem redondo, com aromas de ameixa, morango e alguma baunilha. Os tatinos são adocicados, sem quaisquer excessos ou amargores finais. 13% de álcool. Só R$18,00 no Condor Sta Cândida. (É possível achar a R$15,00 em promoções por aí).

FABRE MONTMAYOUR GRAN RESERVA MALBEC 2005
Excelente indicação do Fabio da Expand, o vinho causou entusiasmo. Aromas muito complexos de tabaco e algo animal, fundeados por ameixas em calda; variadas nuances aromáticas completavam o cenário. A boca dele é explêndida e apresenta uma característica que não tinha experimentado em malbecs: é refrescante, lembrando eucalipto ou bala de menta. Essa característica tinha provado num merlot californiano pela primeira vez e depois só fui reencontrá-la em merlots do Chile (sempre vinhos de mais de R$50,00). Muito bom ter essa experiência num argentino. 14,5% de álcool muito bem equilibrados. R$65,00 na Expand Curitiba.

Luz de velas

A confraria Bacco Ubriaco teve uma experiência nova esses dias. Curitiba está passando por uma primavera repleta de temporais. Pode ser casual, mas os alarmes dos climatologistas sobre as mudanças parecem fazer sentido quando um período como esse acontece. É possível que tenhamos de nos acostumar e nos preparar para climas mais extremos.
O fato é que meia cidade (ou mais) ficou sem luz no dia 29 de outubro. Quando chegamos à casa de nosso anfitrião, era tudo à base de luz de velas. Não impediu o jantar gentilmente oferecido por ele e por um de nossos novos amigos, que preparou uma excelente massa.
Claro que a falta de luz gerou dificuldades e atrasou o serviço. Fomos agraciados com dois brancos para “brincarmos” antes da degustação oficial começar. Um era sauvignon blanc chileno que não guardei o nome. Como convidado não perguntei o preço dos vinhos bebidos, mas não era um vinho particularmente interessante.
O segundo branco já era outra história. O CRIOS TORRONTÉS foi surpreendente. Os torrontés argentinos que havia provado antes eram vinhos mais baratos (na faixa dos R$15,00). Os excessos de álcool e uma boca que descrevo como quadrada marcam tais produtos. O Crios, contudo, estava bem macio. Aromas de frutas e até mesmo lichia. Certa untuosidade no palato que enche bem a boca. Lembrou vinhos aromáticos como feitos de Gewurztraminer do novo mundo. Gostei.

O tema da degustação oficial era “uvas pouco comuns da Itália”. Quatro vinhos seriam tomados, porém um deles estava morto infelizmente. Vamos aos três sãos:

FRANZ HAAS LAGREIN 2003
Varietal da uva Lagrein este tinto de Trentino no Alto Adige apresentou aromas de alcaçuz e algo animal. Boca fresca e algo mineral, tinha alguma acidez e o excesso de álcool lhe tirou alguns pontos. 12,5% de álcool. R$102,03. Nota 87 BaccoUbriaco 88,37.

ALMANERA 2003
Interessantíssimo vinho Nero D´Avola Siciliano. Complexo, típico e boa intensidade aromática. Lembra cantina e remete a embutidos imediatamente. Evolui e vai amaciando durante a degustação. 13,5% de álcool. R$73,42. Nota 90 BU 86,33.

FRANZ HAAS PINOT NERO 2003
Este Trentino chamou muito mais atenção que o primeiro. Pinot Nero na Itália é o mesmo que Pinot Noir na França. Cor muito clara, mais rosada. Nenhuma relação com a cor atijolada de muitos Pinots pelo mundo. Belo e peculiar. Aroma mais intenso que o esperado pela cor. Evolui para uma compota agradabilíssima. 13,5% de álcool. R$ 117, 03. Nota 90 BU 89,50.

domingo, setembro 09, 2007

Expand Wine Store Curitiba

Terça-feira, 28/08, estivemos rapidamente na inauguração da nova loja da Expand Curitiba. Fica na Batel, uma quadra antes da Brigadeiro Franco. Como a Batel é uma rua bem complexa em termos de nomes de trechos, o endereço nominal é Benjamin Lins, 559.
A estrutura de dois pisos tem em cima charutaria e espaço gourmet. No piso inferior bistrô e loja. A nossa disposição, ávidos consumidores de vinhos, novamente em Curitiba todo o catálogo da importadora com muitos rótulos de destaque.
Tanto é que retornamos na sexta-feira, quando adquirimos um Malbec argentino, sugestão do Fabio, que aguarda noites frias para ser degustado. Presenciamos também a bela mesa de entradas disponíveis para quem desarolha algumas na loja e o elaborado cardápio.
A reabertura da Expand é grande aquisição para a cidade. A confraria BaccoUbriaco nasceu dentro da Expand em seu antigo endereço e fez muita falta para nós nesse período de ausência.
Espero que muito em breve adequemos nossos calendários e que experimentemos o espaço gourmet para muitas degustações que virão pela frente. Que seja novamente bem vinda a Expand e que retomemos a boa relação que sempre tivemos no passado.

PARABÉNS BACCOUBRIACO - 100 Degustações

Retomando os acontecimentos marcantes de 2007 que ficaram fora do blog, parabenizamos a BaccoUbriaco por ter realizado em grande estilo sua centésima degustação em nove de julho na Vino!Batel, naquele mesmo endereço na Comendador Araújo de quando se iniciou a confraria na, então, Expand.
O evento extraordinário foi incrível. Foram bebidos vinhos franceses absurdos. Todos ícones de mais de 92 pontos na Wine Spectator ou no Robert Parker. Como era noite comemorativa não fizemos nossas avaliações técnicas, ficando apenas nas anotações subjetivas. Verdadeiro desfile de 7 vinhos de primeira. As anotações, inclusive, foram mais vagas que o comum, em função do clima festivo.
*Pode haver algum nome não muito preciso, em função das anotações alcoolizadas, hehehehe.

PAUL ROGER VINTAGE 1998
É Champagne, claro. 70%Chardonnay 30% Pinot Noir. Pérlage delicada e constante. Bem clarinha. Aroma muito intenso e complexo. Macia e suave. Muita amêndoa, mineral e boa acidez. 12% de álcool. R$234,22. WS 94.

ROTEMBERG PREMIER CRUS 2002 Jean Michel Davis
Alsacia. 65%Riesling 35%Pinot Gris. Amarelo intenso, límpido e brilhante. Aroma intensíssimo. Elegante e untuoso. Complexo, com várias faces: frutado, sulfuroso, mineral, tuti-fruti, goiaba, etc . Jean Michel Davis é um defensor do conceito de terroir e aplica biodinâmica em seus vinhedos. 14% de álcool. R$195,02. RP 94 WS 93.

CLOS DE SAINT CATHERINE 2001 Domaine Baumarol
Chenin Blanc do Loire. Dourado. Aromas frutados de manga, milho e carambola. Boca dulcíssima, mel, néctar. Potência no aroma, permanência na boca. Algum mineral no palato. Parecia um vinho de sobremesa sem ser. Incrível a maturação dessas Chenin Blanc. Tudo isso com apenas 12,5% de álcool. R$130,83. RP 93 WS 96.

ECHEZEAUX GRAND CRUS 2001 Joseph Drouhin
Pinot Noir. Borgonha. Intensíssimo, carvalho maravilhoso. Pimentão verde, oliva, morango, azedinho-doce. Taninos densos, veludo. Final de chocolate. Cor já opaca. 13% de álcool. R$371,00. RP94 WS92.

LA SIZERANNE 2003 M. Chapoulier
Hermitage (Shiraz). Violáceo, pouco alo, ainda novo. Aroma fechado, herbáceo. Boca ainda tânica, macia, figo. 14,5% de álcool. R$130,00. RP96 WS94.

ALAIN GRAILLOT 2003
Crozes-hermitage (Grenache). Violeta bem escuro, tintura. Mineral. Pimentão, frutas. Taninos abertos, vivos e ácido na boca. Muito jovem ainda, muitos taninos, merece envelhecer mais. 14% de álcool. R$210,00. RP93 WS95.

CHÂTEAU HAUT-BRION 1996
Grande estrela da noite!!!
Péssac-Leognan. 55%Cabernet Sauvignon 25%Merlot 20% Cabernet Franc.
Ruby acastanhado, com alo de envelhecimento. Aroma intenso, vivo, flores, frutas, madeira, complexo. Taninos ainda vivíssimos. Boca cheia, mineral e viva.ÚNICO. R$1800,00. RP 98!!!

Brindes à confraria, aos amigos e ao vinho.



ROSÉS

Em visita ao Boulevard Loja e Restaurante, na voluntários da pátria, fomos muito bem recebidos pelo proprietário Carlos Feliz e pelo Diogo. Aproveitamos a oportunidade para iniciar a pesquisa de Gewurztraminer, tema de minha degustação na confraria BaccoUbriaco em outubro.
Entre algumas dúvidas sobre qual vinho comprar, acabamos aceitando a sugestão do Carlos de levar o Rosé Terra Amata 2006 do Domaine Sorin, pertencente à Apellation Côtes de Provence Contrôlée.
Está fazendo um calorzinho em Curitiba neste feriado e não resistimos em tomar naquela mesma noite o vinho. Fomos, então, às compras e preparamos patês e queijos para acompanhar.
Diante da inexperiência total em vinho rosé, adquirimos também o Aurora Varietal Merlot Rosé 2006 para balizar o francês e servir de introdução. Estávamos em 5 pessoas e duas garrafas servem muito bem.

AURORA VARIETAL MERLOT ROSÉ 2006

TERRA AMATA 2006 DOMAINE SORIN

A cor do Terra Amata lembrou um salmão suave, já o Aurora tinha uma tonalidade mais forte. Nos aromas do Aurora percebemos maçã e sutis frutas vermelhas. O nariz deste já prenunciava uma boca meio desequilibrada de álcool e com algum tanino. Tinha algum amargor final também. O Terra Amata apresentou pêssego, frutas e algum cítrico, algo para ameixa amarela e abacaxi. Com boca bem mais delicada que o Aurora, notamos ainda citricidade e boa permanência, com muito estímulo.
Foi uma experiência engraçada provar rosés e foi muito útil ter comprado um nacional bem mais barato para sentirmos a diferença entre ele e o francês. Ganhou um caráter didático.
Os aromas deles lembram mais vinhos brancos, mas a boca é copletamente diferente. Para quem toma muito branco, parece que tem um taninozinho que não devia estar ali. (Ou devia, afinal não é um branco, é um rosé, risos.)
O patê de camarão foi o que mais harmonizou, especialmente com o francês. Percebemos, portanto, que é um estilo de vinho delicado, que combina bem com aperitivos e frutos do mar em tardes de verão.
Custo:
Aurora Varietal Merlot Rosés 2006 R$14,00 no Mercadorama Seminário
Terra Amarta 2006 Domaine Sorin Côtes de Provence R$ 46,00 no Boulevard
Nota: Melhor não pontuar devido à total inexperiência. Popor à confraria BaccoUbriaco degustação sobre o assunto em Janeiro de 2008.
Referências:
Ver página da Vinho Magazine sobre vinho rosé.
Ou rápida entrevista com Gianni Tartari da Fasano.

domingo, setembro 02, 2007

Muita Personalidade na Vinicultura Brasileira

Bento Gonçalves – Carnaval 2007

Pode apedrejar quem quiser, mas não encontramos o terroir Vale dos Vinhedos. O que presenciamos e degustamos foram vinhos de excelente qualidade feitos com o estilo próprio de cada vinícola. A personalidade das casas está além das características de conjunto da região.

Fomos para Bento Gonçalves tomar muitos vinhos e ver de perto a Fenavinho 2007. A Feria não tem lá grandes atrações, é aquela mesmice de sempre dos eventos abertos ao público. As grandes vinícolas não levam o seu melhor para o visitante comum beber. Com muita sorte se pode descobrir uma pequena ou média empresa oferecendo um produto surpreendente.
Valeu a viagem nessa época para ver parreirais ainda carregados e sentir bem de perto a cultura gaúcha do vinho. As paisagens são maravilhosas e o ambiente vinícola agracia os apreciadores.

A cidade oferece tour de Maria Fumaça (regado a muito vinho de garrafão) até Garibaldi, museu da imigração italiana e outras atrações.
A cozinha “turística” não é lá muito boa. Provamos rodízio duas vezes e foram duas decepções. Foi particularmente ruim comer no restaurante da Casa Valduga, onde esperávamos excelente refeição, já que é uma vinícola conceituada e de grande porte. Infelizmente não conseguimos provar o restaurante a la carte para ter outra visão.

Já onde comemos cozinha internacional foi outra história. Recomendo o restaurante da Cordelier. Provamos os vinhos da casa e ficamos maravilhados com os pratos servidos. Exclamações para o Ravióli ao Salmão com Sementes de Papoula. Destaque ainda para azeites de oliva de primeira, importados de toda Europa, à nossa disposição.
Da Cordelier o destaque é o espumante Brut.
Fizemos tour pela vinícola e ainda provamos uvas viníferas e americanas no pé (o que foi muito didático para ver porque se deve fazer suco com uma e vinho com outra).
O tour pela Valduga foi excelente, com visita ao parreiral e às excelentes instalações. No fim do verão está acontecendo o engarrafamento, o que é bom para ver a mecanização do processo.
Da Valduga nos agradou o Chardonnay com leve toque de carvalho e os novos vinhos de uvas mais raras que estão sendo lançados.

Depois de dois tours já decoramos todas as informações básicas que eles passam. O enófilo com alguma litragem obtém poucas informações novas em qualquer caso, mas mesmo os neófitos já ficam cansados na segunda visita.

Daí em diante vale a pena visitar para tomar. Saímos dos medalhões para empresas menores, mas que não deixam nada a desejar. Que venham Pizzato, Lídio Carraro e Cave de Pedra.
O estilo de vinificar na Cave de Pedra não me agradou muito, ainda que tenha agradado os demais membros de nossa comitiva. São vinhos fortes, potentes e de cor muito roxa. Chamou mais atenção o Tannat-Ancelota.
A Lídio Carraro tem um projeto visual e de marketing excelente. Fazem vinho com muita qualidade, mas o preço fica acima da média. A linha top deles é excelente, com destaque para o corte chamado Quorum. Surpreende encontrar alguns aromas terciários num vinho em que eles juram não ir barrica. Disparado o mais elegante provado na viagem. Vinho para quem tem estilo.
O grande destaque das três é a Pizzato pela relação preço-qualidade de seus vinhos. Bebendo lá, gostei muito da evolução de Merlot 2001 (provavelmente já indisponível) e do vinho de corte deles, o Concentus.

É claro que o solo e o clima da Serra deixam sua marca no vinho. Os Tannat são mais tranqüilos que os uruguaios o que, na verdade, agradou. Felicitamos que este ano a denominação Vale dos Vinhedos tenha ganho reconhecimento internacional e que a região seja a primeira do país com área demarcada e regulamentação própria, mas a característica que mais nos marcou foi a personalidade das vinícolas.

A viagem é fantástica para os enófilos. O ambiente vinícola, a gente acolhedora e a paisagem tranqüila dão o tom. Recomendo também ir bem acompanhado, para aproveitar o clima romântico.

Não dei conta

É, o desejo manifestado no último post não se concretizou. Em Janeiro!!!!!!! Estava atrasando com a atualização no enoblog e tinha muitos vinhos pela frente. Meses depois estamos aqui retomando o trabalho.
Foram muitos vinhos excelentes e outros nem tanto neste 2007. Com direito a carnaval enológico em Bento Gonçalves.



As fotos estão aí para mostrar um pouco o motivo de não ter mais tempo para o blog. A moça linda das fotos também adora vinhos e seria injusto botar a culpa nela, mas passou a ocupar um espaço maior na minha vida, o maior que se pode ter. Aliás, a Queisse é ótima harmonizadora, manja muito de temperos e tem paladar aguçado.
Estamos de volta com regularidade. Minha ausência não foi só aqui, foi on-line em geral. Atualizo pelo menos as circunstâncias mais marcantes deste 2007, o melhor ano enológico deste Bacciano convicto.

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Comparação de Safras

Com muitos vinhos pela frente, particularmente brancos, tenho de publicar logo para acompanhar o passo. As provas são muitas e o janeiro quente que faz aqui chama sempre a tomar vinhos a baixas temperaturas em busca de frescor.
A recorrência de algumas marcas por simpatia pessoal e disponibilidade no mercado permitirá estabelecer pequenas diferenças em safras e faixas de preço.
De pronto, com este post é possível comparar as impressões entre os Santa Helena Reservado Chardonnay 2005 e 2006.

ADOLFO LONA BRUT ROSÉ
Este espumante ficou meio ano aí parado na adega (não climatizada). Estava até com medo de que já estivesse estragado, mas ao abrir apresentou boa espumação com bolhas finas e abundantes. A cor é salmão. O aroma muito fechado me lembrou maçã. A descrição da vinícola é "vinoso". A boca é sem frescor e alegria que espero em espumantes. Não me agradou, talvez até por eu não conhecer muito espumantes rosés. 12% de álcool. Comercializado na In Vino Veritas.

SANTA HELENA RESERVADO CHARDONNAY 2006
Cor amarela. Este chileno da confiável Santa Helena tem aromas ainda mais frutados que o 2005 (post anterior). Agrada-me muito mais esse frescor de fruta. A boca tem as características que esperamos da Chardonnay com algum amanteigado. Interessante que ao circular o vinho por todo paladar as laterais da boca são bem estimuladas como o 2005. Fico com o 2006! Menos amargor no final. 13% de álcool. Ainda caros R$19.00 no Mercadorama.

PERIQUITA BRANCO 2005
Um vinho bem diferente dos brancos antes provados. Este primeiro português de 2007 lembrou-me um pouco o Gewurz nacional, adicionado de bom frescor. Bem aromático, é "adocicado" no palato e no olfato lembrando, este sim, goiaba. Branco português é tiro certo. 12.5% de álcool. Em torno de R$20.00 no Mercadorama.

Notei que o Santa Helena 2005 e o 2006 possuem sutis diferenças em prol do último. Uma preocupação minha é sempre ressaltar as circunstâncias do vinho, pois companhia, evento e condições de consumo pesam em minhas impressões sobre o bebido.
Do 2006, fui eu quem controlei a temperatura e certamente estava mais baixa que a do 2005. Melhor seria ter feito prova vertical ao mesmo tempo em forma de degustação.
Posto tudo na balança meu escolhido é o 2006.

Adquiri a preço justo (enfim) o Santa Helena Siglo de Oro Chardonnay no Mercado Municipal de Curitiba. Ele é um passo acima em qualidade da linha Reservado. Provarei em breve!

domingo, janeiro 14, 2007

Janeiro de vinhos brancos

O Viva o Vinho! já está chegando na 2000º visita. Isso significa que a média diária gira em torno dos 12 ou 13 acessos. Fantástico. Duas ou três por dia são de retornos e a maioria absoluta vêm do google.
O ano continua em forte rítmo enofílico. Hoje é provável que eu prove mais dois ou três brancos nacionais, portanto vamos blogar os que já ficaram para trás, porque não se percam. Serão 1 nacional e 2 chilenos.

Cosecha Tarapacá Sauvignon Blanc 2005
Considerei o Cosecha um sauvignon blanc atípico. Ele não é frutado nem leve, não lembra a cítricos. Pelo contrário, é adocicado com algum corpo e amargor final. Vinho do chile que não desagrada a todos, mas que perde pontos por ser estranho. 12.5% de álcool. R$13.00 no Mercadorama.

Salton Volpi Sauvignon Blanc 2005
Podemos dizer que a ocasião em que foram provados estes dois foi a Exótica Noite do Sauvignon Blanc. O nacional da sempre confiável vinícola Salton tinha cor palha bem clarinha. O aroma ruma para o mineral. Ele é bem perceptível, mas de difícil descrição. Como foge do tradicional frutado e cítrico, recorri à roda de aromas da Vinho Magazine e concluí que lembra fluído de isqueiro. Quero ressaltar que não é defeito.
Como na boca ele era fresco e limpava bem o paladar, considero muita qualidade. A Salton fez um Sauvignon Blanc diferente que não chega a ser atípico. 11.9% de álcool. R$30.00 no Mercadorama.
Além da Roda de Aromas, fui ao site da Salton para ver o que eles mesmo diziam sobre o aroma. Eles não dizem qual a safra do vinho comentado, mas descrevem seu Sauvignon Blanc como frutado, a cítricos. O aroma diferente que peguei lá se equivaleria ao que chamam de "goiaba". Discordei um pouco, mas essa individualidade é que faz a brincadeira tão divertida.

Santa Helena Reservado Chardonnay 2005
Reclamei em outra publição de ter pago R$30.00 num Santa Helena, eis que aconteceu de novo. Nos restaurantes e cafés esse é o terrível preço, pelo visto.
Vamos ao vinho:
Cor amarela clara, com densidade típica. Aroma com pouca intensidade de abacaxi e mel. Boca amanteigada, com estimulação cítrica nas laterais. No fim, algum amargor. Um chardonnay sem madeira típico e honesto se pago em torno de R$15.00. 12.5% de álcoo. R$30.00 no Café Chef Vergé.

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Santa Helena Reservado Cabernet Sauvignon 2004

Nestes dias abafados e húmidos do janeiro curitibano tem feito ótimos fins de tarde. Nesta terça fui à pizzaria Távola Redonda na vizinha São José dos Pinhais para reencontrar bons amigos de outras empreitadas profissionais.
Cheguei no entardecer de horário de verão e já estavam tomando vinho. Era um nacional de uva americana que nem guardei o nome. Infelizmente não havia nenhum branco bebível. A pequena e boa pizzaria não tem boa carta e é caríssimo beber vinho lá. Pior, possui apenas vinhos médios ou fracos que saem muito caros.
Tentei não me decepcionar e pedi por doídos R$30,00 o Santa Helena Reservado Cabernet Sauvignon.
Solicitei balde de água e gelo para que a sopa virasse vinho e o Santa Helena acompanhou bem a pizza.

Santa Helena Reservado Cabernet Sauvignon 2004
Tudo no Santa Helena me lembra cereja. A cor, o aroma e o sabor. Ele é macio e desse bem, com um pouco de amargor no final. Fui fiel ao Santa Helena por algum tempo como o vinho de todo o dia. Houve alguma safra ruim que me afastou dele, onde o álcool ficou muito prenunciado no palato. Agora parece que reencontraram o jeito de fazer um vinho macio e correto que geralmente sai por R$15,00 nas vendas de Curitiba.
Atinje os 80 pontos tranquilamente. Vale a pena conhecer o site da Santa Helena linkado.

Continua a vontade de fazer uma degustação de nacionais brancos baratos. Deve sair semana que vem.

sexta-feira, janeiro 05, 2007

2007 de Muitos Vinhos

Talvez seja maldição da Sidra!!! O Rafael já pediu a postagem das duas que estouramos no ano-novo.
No Rio nem me preocupei com vinho. Passeamos muito, revi grandes amigos cariocas e de toda parte do Brasil e fomos muito bem recebidos por nossos anfitriões do paraná em terras fluminenses.
Quando cheguei em Copacabana para a virada de ano já eram 23:15 e nem pensei em bebida. Estava achando muito tomar no bico ou em copinho de plástico qualquer espumante decente.
Foi quando deu uma louca em mim e no Rafa e compramos por cincão num camelô duas cidras geladas que vieram somar-se com mais uma que já estava na área. Quando do ano-novo, até estouramos com direito a espuma jorrando e tudo. Que beleza!
Os VIPs de Copa e de Ipanema até que detonam bons líquidos em plena rua. Testemunhei garrafas de Veuve Cliquot, Taittinger, Moet & Chandon e Paul Roger.
Quanto aos aromas e sabores dos líquidos, não publicarei porque as garrafas já se encontravam sem rótulo quando às compramos, risos!

Sem contar as ditas, o ano começou muito intenso. No quinto dia de 2007 já tomei seis rótulos. Infelizmente muitos não passaram de razoáveis, algum até bom, porém não há destaques. Nenhuma garrafa de ajoelhar e rezar.
Deve ser a maldição daquelas sidras. Tristemente, terei de abrir um bom vinho conhecido e seguro para dar início às provas de vinho que marcarão 2007.

Aproveito para postar rapidamente os seis já provados para não deixar que passem em branco.

Chateau Luxeuil 2003
Tomei este francês que havia ganho de presente dia 02/01 em casa. Ficara tempo demais na geladeira e pela primeira vez usei o termômetro para aguardar que chegasse a temperaturas melhores.
Ele é um Bordeaux Côtes de Francs. A região fica ao norte do rio Dordogne, afastada de sua margem direira pela região de Côtes de Castillon. Estando 10 km a leste de Saint-Emilion, nem se compara ao Cap de Mourlin já provado por este enobloguista. (mapa)
A cor não me impressionou. Não tinha brilho, era apenas ruby básico. O aroma não era intenso nem tinha grande destaque. Baunilha básica, frutas vermelhas e algum herbáceo. A boca também deixou a desejar, com amargor. 13% de álcool.
O vinho não é tão terrível quanto parece a descrição. O problema é o preço: vinhos na faixa de R$40,00 devem ser de regiões com melhor custo-benefício. Em rápida pesquisa descobri que na Europa sai por três euros. Lá, preço justo.

José de Sousa Mayor 1999
Bem recebidos em casa de amigos tomamos 4 garrafas ontem. Abrimos a noite com Chandon Brut, que manteve sua consistência de alguns anos e estava agradável. Depois tomamos o Quara, um cabernet sauvignon argentino bem desequilibrado que não faria 80 pontos. Teve quem gostou.
Em seguida um Duetto Cabernet Sauvignon - Merlot 2003 da Casa Valduga que levei e não me agradou também. Madeira exagerada e de pouca qualidade a dominar e estragar tudo. Na boca a madeira continua incomodando, acidez e taninos pra lá de estranhos. Menos de 80 pontos. Por R$23,50 é um absurdo! Decepção com a Valduga que faz vinhos bem mais corretos na linha varietal.
Enfim chegou o José de Sousa Mayor, um alentejano feito de maneira diferenciada: pisado em lagares de granito e descansado em ânforas de barro.
O vinho tem boa cor. O aroma é bem equilibrado entre a baunilha e as frutas. A boca é agradável e tem tâninos que ainda podem evoluir, mesmo tendo oito anos. Bem limpa, com menos intensidade aromática no palato, puxando ao mineral. Final tranquilo e de persistência boa, sem amargor. Não chega a elevar às alturas, mas ficaria com uns 85.

Pulenta Estate 2002 Merlot II
Este Merlot de Mendoza decepcionou desde a abertura até este final que estou degustando agora. Sacada a rolha e constatado que o vinho não abria foi para o decanter. Começamos a tomá-lo mesmo com 20 minutos de decanter e nada de abrir. Cor bem escura, prometendo um vinho mais concentrado e elegante. Aromas fechados (que não abriram nunca) de ameixa e chocolate. Na boca tâninos rascantes e excesso de álcool que o aroma já prenunciava. Desequilibrado. Realmente não dava para esperar demais de um merlot argentino. Talvez agrade algum parkeriano; para mim não serve.
14,9% de álcool! Preço desconhecido. Quem sabe 82 pontos.

Neste início de 2007, boa é a leitura do livro "O Julgamento de Paris" sobre a degustação de 1976, que marcou o reconhecimento de novas tecnologias na vinicultura e deu impulso à produção de vinhos melhores no novo mundo.
É interessante ler sobre a paixão dos produtores e as histórias que marcaram a busca pela qualidade nos vinhos na califórnia. Agradeço ao Laércio pelos sempre certeiros presentes literários de natal.