domingo, setembro 02, 2007

Muita Personalidade na Vinicultura Brasileira

Bento Gonçalves – Carnaval 2007

Pode apedrejar quem quiser, mas não encontramos o terroir Vale dos Vinhedos. O que presenciamos e degustamos foram vinhos de excelente qualidade feitos com o estilo próprio de cada vinícola. A personalidade das casas está além das características de conjunto da região.

Fomos para Bento Gonçalves tomar muitos vinhos e ver de perto a Fenavinho 2007. A Feria não tem lá grandes atrações, é aquela mesmice de sempre dos eventos abertos ao público. As grandes vinícolas não levam o seu melhor para o visitante comum beber. Com muita sorte se pode descobrir uma pequena ou média empresa oferecendo um produto surpreendente.
Valeu a viagem nessa época para ver parreirais ainda carregados e sentir bem de perto a cultura gaúcha do vinho. As paisagens são maravilhosas e o ambiente vinícola agracia os apreciadores.

A cidade oferece tour de Maria Fumaça (regado a muito vinho de garrafão) até Garibaldi, museu da imigração italiana e outras atrações.
A cozinha “turística” não é lá muito boa. Provamos rodízio duas vezes e foram duas decepções. Foi particularmente ruim comer no restaurante da Casa Valduga, onde esperávamos excelente refeição, já que é uma vinícola conceituada e de grande porte. Infelizmente não conseguimos provar o restaurante a la carte para ter outra visão.

Já onde comemos cozinha internacional foi outra história. Recomendo o restaurante da Cordelier. Provamos os vinhos da casa e ficamos maravilhados com os pratos servidos. Exclamações para o Ravióli ao Salmão com Sementes de Papoula. Destaque ainda para azeites de oliva de primeira, importados de toda Europa, à nossa disposição.
Da Cordelier o destaque é o espumante Brut.
Fizemos tour pela vinícola e ainda provamos uvas viníferas e americanas no pé (o que foi muito didático para ver porque se deve fazer suco com uma e vinho com outra).
O tour pela Valduga foi excelente, com visita ao parreiral e às excelentes instalações. No fim do verão está acontecendo o engarrafamento, o que é bom para ver a mecanização do processo.
Da Valduga nos agradou o Chardonnay com leve toque de carvalho e os novos vinhos de uvas mais raras que estão sendo lançados.

Depois de dois tours já decoramos todas as informações básicas que eles passam. O enófilo com alguma litragem obtém poucas informações novas em qualquer caso, mas mesmo os neófitos já ficam cansados na segunda visita.

Daí em diante vale a pena visitar para tomar. Saímos dos medalhões para empresas menores, mas que não deixam nada a desejar. Que venham Pizzato, Lídio Carraro e Cave de Pedra.
O estilo de vinificar na Cave de Pedra não me agradou muito, ainda que tenha agradado os demais membros de nossa comitiva. São vinhos fortes, potentes e de cor muito roxa. Chamou mais atenção o Tannat-Ancelota.
A Lídio Carraro tem um projeto visual e de marketing excelente. Fazem vinho com muita qualidade, mas o preço fica acima da média. A linha top deles é excelente, com destaque para o corte chamado Quorum. Surpreende encontrar alguns aromas terciários num vinho em que eles juram não ir barrica. Disparado o mais elegante provado na viagem. Vinho para quem tem estilo.
O grande destaque das três é a Pizzato pela relação preço-qualidade de seus vinhos. Bebendo lá, gostei muito da evolução de Merlot 2001 (provavelmente já indisponível) e do vinho de corte deles, o Concentus.

É claro que o solo e o clima da Serra deixam sua marca no vinho. Os Tannat são mais tranqüilos que os uruguaios o que, na verdade, agradou. Felicitamos que este ano a denominação Vale dos Vinhedos tenha ganho reconhecimento internacional e que a região seja a primeira do país com área demarcada e regulamentação própria, mas a característica que mais nos marcou foi a personalidade das vinícolas.

A viagem é fantástica para os enófilos. O ambiente vinícola, a gente acolhedora e a paisagem tranqüila dão o tom. Recomendo também ir bem acompanhado, para aproveitar o clima romântico.

Um comentário:

Queisse disse...

Bom, é a primeira vez que posto algo sobre vinhos aqui... que seja sobre a nossa viagem, então, não é?
Concordo plenamente quando você fala sobre o estilo de cada vinícola... sim, todas têm traços marcantes e de distinção clara entre si, o que dificulta estabeler de uma característica do Vale como um todo... mas, também, assino em baixo em relação à boa qualidade que encontramaos!
Adorei a espumante Brut da Cordelier, de fato era muito agradável e mereceu o seu destaque... ai que comidinha boa se serve lá! Os azeites... hum!
A Pizzato dispensa comentários... fantástica! A qualidade dos vinhos, a atenção do enólogo conosco e o atendimento em geral faz a degustação se tornar uma viagem de sabores e gastos... O impulso é trazer muito, de quase tudo! hehehe
Quanto à Cave de Pedra, também me agradou muito o corte Tannat-Ancelota, mas também gostei muito do Tannat de 2002, se lembra? estava ótimo!
Para fechar com chave de ouro: Lídio Carraro! Surpreendente e diferente... Vale a pena a viagem!