terça-feira, janeiro 12, 2010

Se cansei de Carmenèré e Malbec? Sim e Não.

Mr Elmo perguntou nos comentários de Degustação de Encerramento 2009 se "estava enjoado de carmenere e malbec", assunto que, pelo visto, gera debate no Enoteca.
Pode ser que o debate por lá gire em torno de o mercado brasileiro estar ou não inundado de vinhos chilenos, argentinos, portugueses e etc. Para mim, o mercado brasileiro de vinhos, ainda que em grande expansão, é ínfimo em relação a suas potencialidades. Cabe muito mais vinho por aqui: Carmeneres, Malbecs e tantas outras cepas diferentes. Fica para nós, apaixonados por vinhos, a impossível e "terrível" tarefa de tentar prová-las todas.

CARMENÈRÉ
Quero abordar mais, contudo, a questão de meu gosto pessoal em si. Fui defensor da carmenèré uns anos atrás e a considerava uva de custo-benefício ideal. Atualmente, ficando na comparação histórica, prefiro Merlot do Chile à Carmenèré.
Os métodos usados no vinho de Carmenèré deixam-no muito lácteo. Notas "iogurtadas e exageradas" têm sido freqüentes nos chilenos até R$80,00.
E o que dizer de Syrah e Cab Sauv? Excelentes exemplares com essas uvas são produzidos no lado de lá dos Andes. O Chile produz muitas variedades boas para ficarmos na Carmenèré.
Lembrando de cabeça de bons chilenos, temos os Montes Alpha de Cabernet Sauvignon e de Syrah e o Marqués de Casa Concha Merlot.
Há a opção também do surpreendente Von Siebenthal Parcela 7 Assemblage com Cab Sauv, Merlot, Petit Verdot e Cab Franc.
No caso da Carmenèré, portanto, é verdadeiro: cansei. Ainda que os tops não sejam tão lácteos, fica faltando algo em minha opinião, vide meu comentário sobre o Carmín de Peúmo na Degustação de Encerramento 2009.

MALBEC
Já os Malbecs não me cansaram, não. Continuam a cair muito bem, ainda que outras cepas e combinações argentinas também não fiquem atrás.
Gosto muito dos nascidos em Luján de Cuyo e, mais particularmente, em Perdriel. Um bom exemplo da região é o Ave Premium Malbec que provei recentemente e logo estará em vídeo no blog.
Entre minhas referências com outras cepas, qualquer vinho da família Zuccardi com Tempranillo me agrada, desde o Santa Julia Tempranillo-Malbec (faixa dos R$15,00) ao Zuccardi "Q" (faixa dos R$90,00).
Já o Crios Syrah-Bonarda (na casa dos R$36,00) da Suzana Balbo oferece bela acidez e equilíbrio de outra escala de preços.
Buscando na memória cortes mais trabalhados, tanto o Luigi Bosca Gala 1 - com seu corte inusitado de Malbec/Petit Verdot/Tannat - como o Norton Perdriel Single Vineyard - Malbec/Cab Sauv/Merlot - já representam bem a Argentina.

PETIT VERDOT
Agora, se tem uma cepa que está mesmo na minha preferência é a Petit Verdot. Seja em outras regiões do mundo, seja nos vizinhos andinos, os vinhos que tenho provado com sua presença no blend sempre têm ótimos resultados. Até o Terrunyo da Concha y Toro (o meu preferido entre Carmenèrés) recebe uma pitada da pequena.

4 comentários:

Paty Ghigiarelli disse...

Adoro vinhos e amei seu blog, parabéns.... Paty

Michael Genofre disse...

Uma bela argumentação que vai além do mero "eu gosto" e "não gosto". Parabéns, voltou com tudo! Aguardo o vídeo citado nessa postagem. Amplexos e brindes!

Elmo disse...

Leonardo, tomei um Petit Verdot do Uruguai (Don Pascual Roble), que me marcou pela curiosa e interessante característica do vinho. Podemos concordar que a PV não é exatamente uma master grape, mas acho interessantíssimo caminhar por vielas desconhecidas. Eu não cansei de Carmenére e nem de Malbec, mas do modelo básico e da tecnologia obrigatória (aquela que todo mundo pode parecer ter), eu cansei tb. Meus maiores companheiros de vinhos adoram Syrah (ainda vou sarrear bastante com eles essa preferência meio imotivada), e a Carignan parece que vem com tudo no Chile. Fiquei muito bem impressionado também com o Angelica Cabernet Franc e com um Morandé Carignan... manda o vídeo, quero ver vc de vj... hehe. Abraços, e força na peruca, mantenha a peteca no ar no blog.

Queisse disse...

Gosto do seu jeito de argumentar...
Malbec está entre as minhas preferidas, sabe bem disso!
Feliz por te ver de "volta ao ar", já que estava sentindo falta dos seus posts, e não era só eu!
Beijos e brindes, meu amor!