quinta-feira, julho 20, 2006

Como Comecei

Na minha pré-história no vinho, comecei com meus amigos tomando vinhos aqui de Santa Felicidade. Os vinhos de Curitiba não são feitos de Vitis Vinifera, mas sim de cepas americanas. É o famoso vinho de garrafão. É o orgulho da colônia italiana e vem gente do Brasil inteiro tomá-lo. Sinal de que nessa modalidade estamos bem. Tomávamos na rua com os amigos. Tudo piazada.
Confesso que já faz tempo que não os tomo mais. Depois que a gente descobre as uvas européias tudo muda de figura. Graças aos costumes da minha casa comecei cedo. Meus pais compravam uns vinhozinhos no mercado e tomávamos com pizza, sopa e outros pratos.
Em meados da década de 90 começaram a chegar os importados no Brasil e coincidiu com essa singela iniciação. Os rótulos no mercado já traziam vinhos nacionais e importados com uns termos que despertavam curiosidade: Cabernet Sauvignon, Merlot, Riesling, Ugni Blanc, Chardonnay, ... e começou o interesse.
Nesta época tomávamos muito os Almadén. Em seguida vieram os Marcus James. Este era um pouco mais caro. Não vou ficar fazendo análises inflacionárias em preços e relacionar com dólar ou salário mínimo, mas no meu psicológico o Almadén devia custar o equivalente hoje a uns R$16,00 e o Marcus James uns R$20,00.
Pasmem os mais novos, não tinha computador nem Internet em casa ainda. Instalamos tudo só pelo meio da década em diante porque eu e meus irmãos sentíamos falta para fazer trabalhos e pesquisas. Eu não lembro como começaram a surgir os primeiros materiais de estudo sobre vinho em casa.
O que me marcou foi o papel da “Vinho Magazine” na minha formação. Encontrei em algumas bancas de Curitiba e saí devorando. Não perdia uma edição. Pena que a distribuição para cá nunca foi regular (nem mesmo o é atualmente) e acabei não fazendo assinatura. É raro achar aqui em CWB, mas até hoje quando tropeço em uma... compro. Depois vieram outras revistas, acompanhando esse crescimento do mercado de vinhos no Brasil.
Na aconchegante cozinha do pequeno apartamento no Água Verde, com meus pais é que discutia os vinhos. Foi por eles que surgiu o primeiro interesse. É com eles ainda que tomo muitas de minhas garrafas. As primeiras descobertas de aromas, da importância da taça, do notar a cor, as primeiras comparações e a derrubada dos pré-conceitos iniciais foram todas dentro de casa.
Isso foi importante porque fala um pouco de minha família e do papel do vinho no ensinar a beber. Foi bom meus pais me educarem em casa, pois na rua a aula era de como cair bêbado. O apreciar vinho tem essa vantagem de ser mais importante qualidade do que quantidade. Eu, meus pais e meus irmãos, somos todos muito unidos e na minha história de vida a maioria das coisas que enraízam tem origem na família.
Regina, Laércio, Ju e Rafa, o blog está dedicado a vocês.

Um comentário:

Anônimo disse...

Laércio disse............
Bela história.
Muito bem escrita, leve, frutada, com humor, pouco tanino, muita informação, boa permanência.
Boa mesma, principalmente o final, bem nossa família.
É isso ai Lê, continue, tá muito bom.
Abços