quarta-feira, março 23, 2011

Confraria em Niterói e Dois Espanhóis

Realizou-se no dia 22/03/2011 a inauguração de mais uma Confraria de Vinhos em Niterói. O nome será eleito em breve.
Damas e Cavalheiros degustaram dois vinhos tintos muito agradáveis trazidos na bagagem diretamente da Espanha, além de ótimas cavas para brindar os novos estudos enológicos que se iniciam.
Testamos pela primeira vez a Ficha de Degustação de Júlio Anselmo de Sousa Neto (disponível aqui) que parece ter agradado à maioria dos novos confrades.

PROTOS RESERVA 2005 - Ribeira del Duero
Uva Tinta del País, também conhecida como Tempranillo.
Este Reserva da Ribeira del Duero permaneceu 18 meses em barricas e, pelo menos, 24 meses descansando na garrafa antes de ser oferecido ao mercado.
Tinha aspecto correto e brilhante de vinho novo, talvez leve demais em taça. Aromas muito intensos e frutados à ameixa que atacam o nariz compõem com muita madeira. Descritores como alcaçuz, canela, noz moscada foram encontrados e ainda havia um leve toque mentolado agradável no final.
No gustativo, ficou devendo um pouco. Os taninos eram sutis, porém vivos. Havia doçura, excesso de madeira, álcool perceptível e um desequilíbrio geral. Não chegou a ser grande defeito, todavia faltou corpo ao Protos.
É vinho que necessita de mais tempo aberto para respirar e, para
meu gosto, tem madeira demais em relação ao corpo. Para enfrentar os espanhóis espera-se mais madeira mesmo, mas ainda assim não fechou 100% comigo. Melhorará com o tempo. 14% de álcool.
EUR 21,90. PE 92. VV! 89.

VINA ARDANZA RESERVA ESPECIAL 2001 - Rioja
80% Tempranillo e 20% Garnacha (Grenache).
Foi envelhecido em barris de carvalho americano de quatro anos de idade por 36 meses, sendo engarrafado em marco de 2004.
Já apresentou cor atijolada e aparência clara, com transparência e alo considerável, denotando o envelhecimento.
Aromas com fundo em agradável madeira delicada e bem integrada; rumou para figo, ameixas secas e doçura abaunilhada. Destacaram-se também couro, defumado e vegetais molhados.
Boca leve, seca, tanino suave e redondo. Final longo, macio, elegante e equilibradíssimo.
No Viña Ardanza a leveza é um mérito por harmonizar-se com o conjunto do vinho. Aceita mais evolução e com mais alguns anos oferecerá ainda mais prazer. 13,2% de álcool. EUR 21,25. PE 93. RP 91. VV! 91.


Um Brinde à Nova Confraria

4 comentários:

Queisse disse...

Bárbaro!
A noite foi maravilhosa, com todos os detalhes: vinhos, ambiente e pessoas amigas.
Longa vida e muitos brindes à nova confraria... que ela tenha um nome, em breve! Hahaha

Bjs
Queisse

Rubão disse...

Oi, Leonardo!

Aproveitando que você falou do Ardanza, gostaria de pedir a sua opinião:

Entre este Viña Ardanza Reserva Especial 2001 e o Viña Real Gran Reserva 2001 (CVNE) – ambos vinhos da mesma safra – há algum que você considere melhor que o outro? De acordo com tudo o que eu li até agora, os dois são vinhos muito bons; a Wine Advocate (especificamente o Jay Miller) concedeu 94+ para o primeiro e 94 para o segundo. Mas não sei até que ponto é possível confiar nos críticos americanos…Sei também que houve um marketing pesado e uma grande badalação em torno do Ardanza 2001; de acordo com o site da vinícola, desde 1973 a bodega não lançava um Ardanza com a denominção “Especial". Nas palavras deles, "desde 1973 não fazíamos um vinho assim". Já o Gran Reserva da Viña Real teve um lançamento bem mais discreto.

Então eu pergunto: Você sabe se há uma grande diferença de qualidade ou estilo entre os dois? Outra dúvida: O Ardanza estagia por 3 anos em barrica, e é classificado como Reserva. O Viña Real, ao que tudo indica, estagia por menos tempo que o Ardanza (o contra-rótulo da garrafa que eu tenho diz “um mínimo de 24 meses”), ou no máximo pelo mesmo tempo (a avaliação do Jay Miller diz que o vinho estagia por 3 anos). Ora, se o Viña Real estagia em barrica por no máximo o mesmo tempo que o Ardanza (talvez menos), então porquê ele é chamado de “Gran Reserva” e o Ardanza apenas de “Reserva”? Pelo que eu sei, na região da Rioja, o tempo mínimo em barrica para o vinho ser considerado Gran Reserva é de 2 anos (mais alguns em garrafa), correto? Então por esse critério, não seriam ambos Gran Reservas? Eu pesquisei na internet, mas não há informações exatas sobre a maturação do Viña Real, nem mesmo o site da CVNE especifica o tempo de barrica do vinho, o que eu achei bem estranho…Enfim, não sei muito bem em que fonte confiar mais…
Eu tenho duas garrafas deste Viña Real 2001 (foram trazidas de fora do país), mas ainda não tomei nenhum. E ainda gostaria de comprar o Ardanza, mas esta safra de 2001 não está disponível no Brasil. E as que estão (mesmo as recentes, como 99 ou 2000) são vendidas por preços meio exorbitantes aqui. Enfim, gostaria de saber o que acha. Você considera o Ardanza um bom investimento? Você acha que este 2001 é um vinho assim tão espetacular como se têm dito por aí na crítica internacional?
E sobre o Viña Real, acha que vale a pena esperar mais alguns anos?

Abraço,
Rubão

Leonardo de Araújo disse...

Rubão, eu considerei o Ardanza um excelente vinho (91 pontos), mas não diria "espetacular".
Infelizmente, não tomei o Vina Real, então não posso comparar.

O que posso dizer é que o Ardanza é um vinho agradabilíssimo. Em seu lugar, tendo duas garrafas, abriria uma logo e registraria o feito com alguns breves comentários (em um blog ou em um caderno). Daqui três anos (dependendo do que encontrasse na garrafa) abriria o segundo e compararia as anotações. Se tiver alguém em sua família que também curta vinhos, proponha participar da brincadeira fazendo o mesmo. Será uma grande diversão, tenho certeza.
Quanto ao Ardanza, em si, está ótimo. Se eu for à Espanha, trarei garrafas dele sem dúvida alguma.

Rubão disse...

Obrigado pelas dicas, Leonardo!
Abraço!